.Editorial
Vamos então somar: este raciocínio parte do seguinte silogismo 1) Para governar é preciso maioria absoluta; 2) O PS sozinho não vai tê-la; 3) Então precisa de se aliar a alguém para ter maioria para aterrar nesta conclusão em alternativa: 1) ou se alia ao PSD e faz o «bloco central»; 2) ou se alia ao BE e não há bloco central.
Mas é aqui que adianto: 1) não é preciso maioria absoluta; 2) o que é preciso é mudar de política; 3) o que faz falta é acabar com esta linha social-democrata que tem dominado por aí há uns 33 anos, mais ou menos; 4) duvido que a parte do BE que serviria ao PS para formar governo não seja aquela parte do «à tarde sinto-me social-democrata» que se tem ouvido tanto da parte de uma parte do Bloco nesta campanha.
Ou seja: duvido que viesse aí algo diferente. Penso que viria aí mais do mesmo.
Ou seja: é preciso que algo mude para que nada mude.
Miguel Portas descaiu-se. Sabemos agora sem sombra de dúvida que o objectivo real do BE não passa disso: ter uma cadeiritas em São Bento, independentemente da política a seguir, independentemente de se mudar de política para melhor. Venham os cargos e depois logo se vê.
O País que se lixe.
Onde é que eu já vi isto?
Ah! Foi na Câmara de Lisboa: o BE fez em Setembro de 2007 um acordo com o PS para governarem a CML. O resultado está à vista: Sá Fernandes borrifou-se para o BE, o BE foi escorraçado da CML, António Costa somou votos nas sessões da CML. Helena Roseta fez um acordo com António Costa, este somou votos e a política manteve-se exactamente na mesma: Lisboa e as populações não beneficiaram em nada (em nada, repito) destes acordos. Mais e mais sério: Fernandes e Roseta acabaram engolidos pelo PS, jurando agora cumprir... o programa de governação do PS na CML... Grande jogada... de Costa.
É o que antevejo que sucederá no Governo: uma grande jogada de quem estiver pelo PS a exercer o lugar de Primeiro-Ministro (que pode até ser outra pessoa que não Sócrates; que pode até ser Costa - e aí haverá então grandes alterações na CML acabada de eleger, sempre por razões de grande interesse nacional: Costa sai, Roseta sai, Salgado arreda, e alguém do PS assume a Presidência da CML. Não, não é fantasia minha: está tudo no célebre acordo coligatório Costa-Roseta).
A CML que se lixe.
.