segunda-feira, junho 12, 2006

Lisboa: muito para pensar

Há tanto para explicar…

O arquitecto Manuel Salgado está a assumir o protagonismo que do ponto de vista técnico acha que deve ter e merece no estudo e no Comissariado da Baixa Pombalina.
Suponho que está tudo combinado com Maria José Nogueira Pinto. Mas acho estranha tanta visibilidade de um técnico.
Manuel Salgado já tem uns rabiscos (passe a expressão, que não pretende nem pode ter qualquer intenção valorativa). E já está a queimar etapas muito rapidamente.
A CML devia ser consultada eleito a eleito.
Esta questão, certamente, ainda vai fazer correr muita tinta.
Por explicar está também este percurso: em Setembro, Salgado era o número dois de Carrilho / lista do PS; em Outubro, Carmona / lista PSD ganha a CML; em Dezembro, Carmona depois de muitas hesitações, faz coligação, aliança, com Nogueira Pinto / lista CDS para ter maioria absoluta na CML; em Maio, Salgado é convidado por Nogueira Pinto para o tal Comissariado (que tem mais uma dezena de «sábios»); em Junho, Salgado apresenta em nome individual as linhas de evolução da Baixa Pombalina…
Uma espécie de TGV político.

Lisbon Village Festival

São Luís e São Jorge. 21 a 26 de Junho. Cinema Digital. No «novo» ‘Independente’ de Jorge Lemos Peixoto / chefe de redacção. Joana Petiz dixit. A tempo e horas. Claro. Agências de comunicação, como diria o outro. Amaral Lopes. Empresas organizadoras. Amaral Lopes.

Amaral Lopes

A propósito de Amaral Lopes, vereador da Cultura da CML, o ‘Público’ de domingo (Ana Henriques) conta uma história assaz picante. Trata-se de equipamentos culturais em Campo de Ourique, no âmbito do processo do Cinema Europa. A Comissão SOS Cinema Europa terá tomado conhecimento de uma proposta que não lhe agradou e denunciou a situação. Lopes ficou fulo. Diz que era só um documento de trabalho que não devia ser divulgado. E acusa a SOS Cinema Europa de falta de seriedade.
Vai haver desenvolvimentos, garanto eu…

Outros registos

Al Gore disse ao ‘The Guardian’: «Os Estados Unidos estão a ser governados por um bando de renegados de extremistas de direita». Bolas. Isto é que é falar bem e depressa: bando, renegados, extremistas, extrema-direita? Só faltou o homem ter dito que os EUA estão a ser des-governados por eles…
Gore é do Partido Democrata e foi o candidato adversário de Bush. Recolheu mais votos mas não foi eleito devido ao sistema especial de contagem de votos que vigora nos EUA.

Eurosondagem
(no ‘Expresso’ de sábado)

Governo: - 4% (menos 4%) do que no último barómetro
PS (intenção de voto): 38,2% (= ao último barómetro)
PSD: 30,3 (- 1,4)
CDU: 7,1 (+ 1)
BE: 6,1 (+ 1,5)
CDS: 4,2 (- 0,2)

Popularidade dos líderes:
Jerónimo: + 3 pontos do que há um mês
Sócrates: + 2
Louça: + 1
M. Mendes: - 3
R. e Castro: - 4

Presença nas televisões
na semana que passou:
Cavaco: 2 horas e 36 minutos
Sócrates: 1 e 25
(seguem-se vários ministros)
Jerónimo: 16 minutos
(nos primeiros dez, não constam os restantes líderes)

Loro Horta

Por que será que Loro Horta, filho de Ramos-Horta, que por acaso é investigador no Instituto de Estudos de Defesa de Singapura, tem críticas ferozes a fazer e conselhos para dar a toda a gente (Xanana, Al Katiri, bispos), mas não tem nada a aconselhar ao seu próprio pai, no que se refere ao futuro de Timor?
Isto, em artigo do último ‘Expresso’.
Será que ele concorda que o pai tenha ido às montanhas tentar demover os rebeldes, e com a promessa de que traria as armas que eles lhe entregariam, mas voltou sem armas, muito aplaudido e endeusado, e com conversas do género: «Sim, se me for pedido, aceito o lugar de Primeiro-Ministro – mas tem de ser no quadro da Fretilin». Será que o filho entende que esta declaração do pai e outras ajudam à paz, num momento tão sensível? Ou sabe muito bem para onde caminha o pai? E concorda? E julga que somos todos parvos e que o gato escondido não tem o rabo de fora?

Visibilidade

Para muita gente, a visibilidade é um grande negócio, com o se sabe. De repente, lembro-me de casos recentes: Sá Fernandes, Manuel Maria Carrilho, Santana Lopes, o jornal dinamarquês que publicou as caricaturas de Maomé. Isto só para falar de casos super-evidentes… Pois bem, o que é se não um negócio a visibilidade que de repente assumiu essa tal Frente Nacional, esse tal «Partido» Nacional Renovador, esse tal Machado das espingardas de caça para tomar as ruas de assalto «para evitar o que aconteceu na França». Ou seja: declarações assassinas e criminosas, xenófobas e fundamentalistas de uns tipos que estavam na toca e que de repente a RTP 1 (e depois dela quase todos os jornais) trouxeram à luz do dia.
Dêem, dêem-lhes visibilidade.
Depois venham lamber as feridas da democracia porque o dragão sai do ovo…
(Acresce que quase sempre atrás do pano há outros negócios: por exemplo, e no caso concreto desse tal Machado, segundo sei, há pelo menos tráfico de armas, que ele quererá esconder atrás deste burburinho aparentemente ideológico de «partido» nacionalista – o único tipo de partido por acaso proibido pela Constituição).

Guimarães

Depois de 30 julgados, já há um veredicto para os atestados médicos falsos de alunos que faltaram às provas globais e assim quiseram «justificar» as faltas. Eram 900 atestados. Agora, a sentença: águas de bacalhau.
Acho piada (sempre achei) à linguagem jurídico-defensiva do tribunal em causa (seria assim em qualquer outro): «Não se provou que os alunos não estivessem doentes».
Percebe?
Não se provou.
Não quer dizer que não estivessem doentes. Nem que estivessem. Nem nada. Apenas: «não se provou». E pronto. Doentes ou sãos: vão em paz, se fazem favor.

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