As situações sucedem-se. Os lisboetas nem dão por elas. Mas o que é facto é que se instalou nos Paços do Concelho, de há uns anos a esta parte, uma agência imobiliária cuja actividade só pode preocupar quem sabe o que se passa e os mais conscientes.
Mas não se pense que se trata apenas dos terrenos da Feira Popular, uma questão quente e premente e agora em agenda. Não se pense também que me refiro só aos terrenos do Vale de Santo António e do papel da EPUL e da Ambelis – duas empresas do Município que são verdadeiros braços armados dos Paços do Concelho para este efeito: compra, venda, trova e urbanização de terrenos municipais.
Não.
A questão já vem muito lá de trás.
Em Abril de 2004, escrevi um texto que foi publicado nalguns jornais. Respigo dele alguns excertos actuais: «A CML virou alguma (má) agência imobiliária? (…) O Presidente da CML, dr. Pedro Santana Lopes é dado recentemente como comprador de uma quinta em Chelas, a das Conchinhas. A transacção é feita entre o ministério da Defesa e a Câmara de Lisboa. (…) Por outra parte, lembro-me de que aqui há uns tempos, lá pelos idos de Dezembro, o jornal «Semanário» ter referido outro negócio de Santana Lopes para a CML, esse também, no dizer do jornal, algo esquisito: a CML estaria então a «vender por metade do preço um terreno nos Olivais» após um leilão ter ficado deserto. Um terreno que, dizia o semanário em causa, valia sete milhões de euros terá sido entregue por três... Que raio de negócios são estes? Aqui se compra com motivos extra-município, ali se vende contra os interesses do município».
Hoje, já em Fevereiro de 2005, acrescento mais um exemplo – apenas mais um – desses estranhos actos «imobiliários» da CML. É o caso seguinte: foi demolida parte das instalações dos Serviços camarários que estavam em Alcântara. Para quê? Para ali implantar mais umas torres?
Este conjunto de actos, na opinião de muita gente, são de duvidoso interesse para a Cidade.