segunda-feira, setembro 11, 2006

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Desabafos de funcionário da CML

Transcrevo o que acabo de receber de alguém que se diz funcionário da CML e que está muito angustiado com a sua situação de quase paralisação na Câmara. E não é o único. É aliás uma cena que se repete perigosamente.
Isto está a ficar muito sério, meus amigos!
O texto diz assim:

«Dêem-me trabalho,
que emprego já tenho!»

«Tenho-me feito visita regular do seu blog, quer por interesse em acompanhar o que se vai fazendo na CML, quer para ocupar o tempo, que é coisa que escorre melosa quando se está à espera.
Confesso que há nestas minhas incursões bloguistas uma certa dose de voyeurismo: deleito-me com a sua azáfama diária, o entusiasmo com que acompanha de forma crítica a acção da maioria PSD e dá voz às propostas alternativas apresentadas pela CDU (imagino que participe também na sua construção) e sei lá que mais, uma lufa-lufa que contrasta com o deserto do meu dia de trabalho para a mesma Autarquia!
Trabalho é força de expressão, tenho emprego, ou seja pico o ponto, ao dia 26 de cada mês “pinga” na conta o ordenado, mas trabalho a sério é coisa que não tenho há já algum tempo, mas gostava de ter.
E há tanta coisa para fazer… mas não deixam porque “não há dinheiro”. Isto é gente que só sabe fazer quando há dinheiro para gastar. Produzir com os recursos existentes não os alicia e por isso é o deixa-andar: abrem-se as portas, atendem-se telefones e pouco mais. Uma merda, desculpe o desabafo.

Não têm dinâmica nem iniciativa

Eu não tenho poder nem sequer para fazer propostas que sejam viabilizadas. Já tentei. Tá quieto. Nada…
Mas quem tem poder (desde os vereadores até aos directores etc.) não tem dinâmica nem conhecimento nem iniciativa – nem querem ter.
Isto de ser funcionário “raso” no Estado pode ser muito duro não por excesso de actividade, mas por falta dela, pelo menos para os que gostam de produzir, de se envolver em projectos e de ter objectivos. Mas, se os dirigentes não dirigirem, não há trabalho para ninguém, mesmo que, olhando em redor, sobejem necessidades para colmatar e oportunidades e a viabilidade-possibilidade para se desenvolverem muitas actividades sem gastar mais dinheiro: apenas com os recursos (humanos, técnicos e materiais) já existentes.
É tramado, não é?!
Será que não pode passar também a denunciar as más políticas e inércias a que a actual classe dirigente da CML sujeita centenas de funcionários da Autarquia? Sempre era uma ajudinha.
No que me toca, e já ando nestas lides há alguns anos, se isto se mantém, vou tentar a sorte noutro serviço da Casa – embora nada garanta que seja solução a médio-longo prazo – ou inscrevo-me em mais um curso de formação ou, quiçá, uma pós-graduação ou mestrado, sempre aprendo alguma coisa e faço curriculum, que é coisa muito valorizada no Estado quando toca a promoções. Que alternativas tenho? Bato com a porta? Estou como o outro: “não ganhei a lotaria, nem sou filho de pais ricos”!»


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