Contra o anonimato na 'net', em defesa de António Costa por isso mesmo

.

O comportamento miserável de um blog chamado ‘O Arquitecto da CML’

Editorial

Acabo de ler num blog anónimo umas aleivosias contra António Costa as quais, por um lado enquanto anónimas, por outro enquanto carregadas de ódios a valores de esquerda, me merecem os seguintes comentários que seguem, em defesa da lisura na net, enquanto espaço aberto e limpo.

Em dado ponto, o autor do texto abusa da nossa paciência quando entra por caminhos de auto-defesa. Depois de dizer que «ultimamente, muito se tem falado em Corrupção e na luta contra ela. Nomearam-se comissões, criou-se legislação, todos os organismos e Câmaras Municipais elaboraram Planos de Prevenção contra a Corrupção, enfim,...um problema nacional! Nós, Arquitectos camarários, somos dos grupos profissionais mais apontados pela opinião pública! No início de 2008, aqui em Lisboa, foi o que se viu...dirigentes demitidos e...praticamente nenhum acusado!», afirma: «O Senhor Presidente António Costa, pelos vistos, e pelo que vem lá escrito, é só esquemas e compadrios! E ainda tem a "lata" de demitir pessoas sem as acusar de nada?
Aquilo que escreveram sobre o Presidente António Costa na Revista Visão desta semana, seria, em qualquer País civilizado, motivo suficiente para ser investigado e eventualmente obrigado a deixar de exercer as funções que exerce actualmente. A ser verdade, é uma vergonha que este "indivíduo" continue a ser Presidente da CML. Eu, Arquitecto desta Câmara, começo a ter dificuldades em ter respeito a um indivíduo que não é educado, não responde, não decide, apoia Saramago, apoia a ILGA, esbanja dinheiro, mente, não tem vergonha, enfim...um oportunista que não se percebe muito bem o que é que veio fazer para a CML a não ser arranjar uns tachos para as mulheres dos amigos. Eu, apesar de não ser seu amigo, vou dar-lhe um conselho: "Ponha-se a pau, porque se isto dá a volta, ainda corre o risco de ir dentro! Olhe o Vale e Azevedo."»

Tudo isto me enjoa, francamente e por várias razões que condeno.

1º ponto condenável: o anonimato e suas consequências

É o mais grave. Sei que a net o permite. Mas continua sempre a incomodar-me que, a coberto do anonimato, a net descambe para o insulto fácil, impune, irresponsável (e irresponsabilizável).

Aproveito para dizer isto a propósito de um texto miserável (mais miserável por ser anónimo) que ataca um adversário político meu, para estar mais à vontade e não ser acusado de ser parte interessada. Sou parte interessada, mas não por outros motivos que não o amor à deontologia e à rectidão. E essas dizem-me que se querem acusar António Costa ou outra pessoa qualquer o devem fazer de cara destapada.

De outro modo é puro terrorismo. E isso deve ser combatido por todos os meios fortes.

2º ponto: a agressividade acumulada e despropositada

Quem me garante que se trata de um arquitecto? E porquê da CML? Quem me garante que não se trata de um adversário político, vindo dos lados do CDS, sem qualquer ligação a técnicos da CML? Por algum fraseado, é o que mais me parece, sinceramente: «… apoia Saramago, apoia a ILGA…» são as acusações laterais, paralelas quer à ‘Visão’ quer às questões alegadamente profissionais que se manterão sem resposta da parte de António Costa, acusações mais de «révanche» interiorizada do que de actualidade e oportunidade relativamente ao caso em apreço.

3º ponto: a substituição de dirigentes

a) Penso que a legislação em vigor à data permite que um novo executivo substitua os dirigentes – há amigos meus que foram na avalanche e não se queixam por isso. E se se queixassem não os apoiaria nisso.

b) os dirigentes substituídos e ou demitidos, tanto quanto sei, eram apontados como pouco fiáveis em matéria de corrupção e ou tendo permitido, nos consulados de Santana e Carmona, que nas suas unidades orgânicas se tenham acumulado casos e processos de duvidosa transparência – tudo, quanto sei, em investigação ainda.

c) Ao tomar por suas as dores destes ex-dirigentes, ‘O Arquitecto da CML’ situa-se no exacto quadrante político dos substituídos e isso nem é bom nem é mau, mas seria bom, isso sim, que tudo fosse claro. Tem todo o direito o autor. Mas tem de assumir isso. E não proceder assim, cobardemente, sem o assumir. E é isso que é ainda mais lamentável.

Em resumo e conclusão: o que mais condeno é mesmo o anonimato. Se o autor ali escrevesse o seu nome real, este editorial não teria sido escrito.

Nota - O comentário ali inserido é de outro anónimo dlo mesmo blog, o que mais agrava a coisa.

.