sexta-feira, novembro 21, 2008

Não é cedo para pensar em eleições


Não é cedo para pensar em eleições. Esta semana consumou-se mais ainda a divisão final entre Sá Fernandes e o Bloco (Pedro Soares deu-lhe mais tareia no 'JN', Nunes da Silva tratou-o ostensivamente por «Sr. Vereador Sá Fernandes» e o blog oficioso do BE na CML hostiliza cada vez mais as suas posições).
Entretanto, Costa absorveu Roseta também. Isso, aconteceu já depois de durante algum tempo o Bloco, abandonado por Sá Fernandes, ter divulgado à socapa a hipótese de concorrer com Helena Roseta – que lhe respondeu na prática que só se fosse sob a bandeira dos Cidadãos por Lisboa.
Hoje já não sei se Roseta se prepara para concorrer ou se se prepara para ser integrada na lista de António Costa.
Talvez nem ela mesma ainda saiba.
O horizonte ainda é muito difuso, parece-me.
Boa altura, portanto, para pensar no assunto.
Proponho-me por isso, tomar hoje mesmo entre mãos a reflexão sobre questões de peso político e de eleições em Lisboa.
O PS e António Costa têm razão para andar preocupados com a perspectiva eleitoral para Lisboa em 2009. Na mais provável das hipóteses, as eleições legislativas vão realizar-se antes das autárquicas. Imagine-se que as legislativas são a 5 de Outubro (e as autárquicas umas semanas depois). Na mais provável das hipóteses, o PS perde nesse dia a maioria absoluta. Mais um marco negativo e indutor para piorar as hipóteses do PS e de António Costa em Lisboa, entendo eu.
Basta analisar e fazer contas.

Primeiro dado: a abstenção
Em 2005, votaram 282 443 eleitores lisboetas, ou seja: 52,65 %. Mas dois anos depois, com a divisão do PSD e as mudanças e guerras no PS, apenas 196 041 sentiram vontade de ir às urnas: 37.39%. Menos 86 000 pessoas, menos 15,3%. É muito a menos!
Segundo dado: o PSD
Supondo que o PSD anula Carmona e se une, poderá somar uma percentagem próxima, no mínimo, dos 35%. Em 2005, Carmona (PSD) teve 42%. Em 2007, Carmona com 16,7 % e Negrão com 15 e tal somaram 32,4%. Santana tivera 40,4% em 2001. Ou seja: o PSD unido tem mais votos. É a lei da vida eleitoral.
Terceiro dado: o rombo Roseta
De mais de 37% em 2005 com Carrilho, o PS passou para 29,5% em 2007. Se se considerar que Roseta obteve um pouco mais de 10%, imagina-se o rombo político que isso representou.
A CDU tem oscilado entre os 10 e os 12% nos últimos 8 anos. O Bloco foi de 4% por ele mesmo para 7 (e depois para 8) % com Sá Fernandes.
Quarto dado: quanto valem Roseta a Sá fora dos seus abrigos?
A pergunta é apenas uma: Roseta e Sá, absorvidos em listas do PS/Costa quanto valem? Tenho razões para pensar que se anularão pessoalmente a tempo de pouco valerem. Sá Fernandes valia pelo que perdeu: independência, capacidade de agitar as águas, dedicação desinteressada. Roseta valeu pelo que está a perder: a característica, por muitos considerada qualidade, de se constituir em tribuna crítica do PS oficial, à semelhança de Manuel Alegre, mas com uma distância em relação a ele: é que ela saiu do PS para se fazer a um rumo próprio na CML. Ora tudo isso se perde para a opinião pública quando se vendem modos de agir seja a troco do que for. Não sei se é o caso, mas lá que este caso tem todas as características disso, tem.
Em todo o caso, Roseta ainda recentemente se preparava para concorrer em pista própria. E isso quando já estavam quase concluídas as negociações que deram a actual coligação tardia…
Resumindo
Dificilmente António Costa poderá chegar à vitória (e de certeza nunca com maioria absoluta), mesmo que coligado com Roseta e Sá Fernandes.
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5 comentários:

Anónimo disse...

Penso que é difícil comparar Roseta com Sá Fernandes. Roseta tem mostrado bastante dignidade e a sua aproximação ao PS não me parece de submissão mas sim de tentar fazer qualquer coisa. Não votei em Roseta por isso estou á vontade para o dizer. Já JSF está a ser uma desilusão, confesso que nunca pensei que fosse tão longe, que descesse tão baixo , que se tornasse tão submisso, tenho muita pena que assim seja e deixou o BE em maus lençóis, ao BE só lhe resta um corte radical e assumido com o vereador e tentar reparar os danos, pois penso ser um partido que faz falta á cidade. O PS está com um, entre outros, problema terrível que se chama porto de Lisboa e que lhe pode custar a câmara por muito que tenha bloggers de serviço a contestar a oposição ao projecto, por muita publicidade que faça, por muito apoio que tenha do governo.
O PSD tem um passado tenebroso que espero sinceramente não seja esquecido e os seus representantes actuais nada fizeram, bem pelo contrário, para apagar essa imagem mas, apesar disso, vale muitos votos em Lisboa e o PS, com as muitas asneiras que faz, que se cuide. O PCP, e também o digo sem problemas pois nada me prende a este partido, tem sido um valor seguro e coerente com 2 vereadores muito responsáveis e penso ser neste sentido que irá o meu próximo voto.
Mas propunha e acho que seria um passo fantástico, embora podendo correr o risco de alguns desentendimentos normais no futuro, propunha mesmo assim uma coligação BE, sem JSF,CPL,PCP, sei que parece utópico mas penso que Lisboa só teria a ganhar e obrigaria o PS a pensar melhor nas asneiras que tem feito. O PS perdeu uma oportunidade histórica de mudar a cidade devido sobretudo á sua constante submissão a LOBBYS e ao Governo. Ainda está a tempo de mudar alguma coisa e endireitar as coisas mas tenho muitas dúvidas, infelizmente, que isso aconteça.

MGL - Lisboa

Anónimo disse...

Parabéns, as contas estão muito bem feitas e desapaixonadas. Agora cada um pode elaborar estratégias sobre elas.

Tem razão quando diz que Roseta ou Sá Fernandes, ou o Bloco unidos com o PS perdem votos. Roseta e o Bloco fazem votar muitos que não votam PS. Quanto ao Carmona, por experiência pessoal sei que b tem votos que não poderão ser contabilizados no PSD, embora a maioria possa sê-lo.

Só haverá uma volta atrás na abstençaõ se houver duelo. De outro modo só os fanáticos lá porão os pés. Por muito que nos custe.

Anónimo disse...

E se tambem nos lembrasse que o PCP PERDEU 20.000 ( VINTE MIL MILITANTES) em quatro anos....

Anónimo disse...

esse é um problema do PCP, não da cidade

Anónimo disse...

"Roseta valeu pelo que está a perder: a característica, por muitos considerada qualidade, de se constituir em tribuna crítica do PS oficial, à semelhança de Manuel Alegre, mas com uma distância em relação a ele: é que ela saiu do PS para se fazer a um rumo próprio na CML. Ora tudo isso se perde para a opinião pública quando se vendem modos de agir seja a troco do que for. Não sei se é o caso, mas lá que este caso tem todas as características disso, tem."
Oh, José Carlos, se não sabes, informa-te.
è que não é bonito deixares-te enganar.
Onde é que Roseta deixou de ser critica?!? Veremos que força têm os CPL, como movimento de facto independente, nas próximas eleições.