sábado, julho 28, 2007

Mas...

Esta palavrinha: «Mas». Ela tem nalguns casos da vida política uma utilização entre o maroto e o sacanóide. Nuns casos serve mesmo para excepcionar casos sérios de constatação necessária. Nalguns, dá um compasso de espera ao autor. Noutros, finalmente, pretende entalar o adversário, ao mesmo tempo que o utilizador do «mas» fica por cima naquela hora de aperto ou de análise. Até que o dito (adversário) venha ripostar. Aí, fica tudo à espera de que o uttilizador venha depois contra-ripostar... Etc.. Assim segue o movimento eterno do globo.

Vem isto ao caso porque Portas - que o «CM» de hoje (versão on line) diz que «Portas quer». Pensei, quando li: «O que é que este ainda quererá». Melhor, pensei uma coisa ainda pior: «Este ainda usa esta linguagem, mesmo com a pancada de Lisboa? Não ganha juízo?». E pensei mais: pensei que os jornalistas e editores que nos títulos vão atrás do habitual «quero» de Portas não têm vergonha na cara. (Mas depois fui ler o texto. E tenho de dar a mão à palmatória no que toca a Portas: desta vez ele não diz «quero». Mas tenho então de duplicar a porrada no jornalista ou no editor que tal título fez).

Mas o tal «mas» tem a ver mesmo é com o conteúdo do texto e com as afirmações de Portas. Interrogado sobre esta história macabra da chantagem de Jardim (mais uma) por causa da IVG, Portas utilizou o «mas» para dar tareia também no PS. Vejam a resposta que deu, em duas partes. 1ª parte: «As leis são gerais e devem ser cumpridas em todo o território (nacional)». Resposta limpa, digna de manual. 2ª parte: «Mas têm de ser leis bem feitas».

Lá está o «mas» da política. De alguma política. Neste caso, uso do estilo sacanóide e em dose tripla: o CDS nem sequer votou esta lei, como se sabe. E é contra a IVG, como se sabe. E tem um grande desgosto na sua aprovação, como se sabe. E aproveita para dar duas vegastadas à sua maneira: uma no Parlamento e outra no Governo.

Falta só que alguém lhe reponda, e com urgência, que a lei é mesmo para aplicar, qualquer que seja a opinião que Portas ou Jardim tenham dela. Ou então que a contestem no Tribunal Constitucional, aguardem pela decisão (mas entretanto que a cumpram) e depois logo conversamos.

É que estamos na fase de cumprir. As mulheres da Madeira que querem interromper a gravidez ao abrigo da lei são lesadas e vêem as suas vidas e a sua tranquilidade prejudicadas pelo trogloditismo de Jardim ao qual Portas dá cobertura com o seu «mas». Não cumprir a lei é arrogância. É uma guerra com Lisboa. E isso até pode ser política e finanças. Mas outra coisa é a vida real das pessoas. Prejudicar terceiros nessa luta política é imoral. Pôr em causa a saúde é não cumprir a função para que foi eleito. E isso é ainda mais grave.

2 comentários:

Anónimo disse...

Amigo José Carlos, concordo contudo "mas", por que raio foi o o Sócrates querer dar uma do que não é e que se chama esquerda democrática, e foi picar os partidos ainda mais à direita? Eu percebo que o recado até seria mais para o Mendes e para o PSD lá por causa do Mr Jardineiro. Por acaso vi o debate vergonhoso do parlamento da Madeira onde um Deputado do CDS ainda com cheiro a fraldas, pedia a aplicação da lei (é um facto). Mas o dono e senhor do off-shore que utilizou palavras tão simpáticas em que a melhor terá sido "pulhas", se borrifou no asunto. Depois veio a tal Mrs Procriadora e Aborto Clandestino....que até espumava pelos cantos da boca e meteu a boca no....(não vou escrever). A propósito, terá ela tido os célebres acessos de estímulos de Pavlov para quem vê tacho assegurado?
T

Anónimo disse...

As leis são para se cumprirem MAS só se forem bem feitas - Há ideias fantásticas e pensadores ainda mais. Portas no seu melhor: como é habitual, fala em defesa da plebe que cada vez mais se encontra á mercê de legisladores incompetentes.Deduzo que dentro em breve será proposta, a criação de uma Autoridade Fiscalizadora do Produto Legislativo, do qual Portas será, no mínimo, consultor!