quarta-feira, agosto 19, 2009

Fui lá e comentei

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Perante isto («Da entrevista de Ferro Rodrigues às alianças à esquerda») e o comentário do autor em que refere que António Costa propôs ao PCP uma coligação que o PCP rejeitou, comentei assim, agora mesmo, lá, no refrido blog:
Caro Senhor (autor),
Julgo que está muito enganado. Uma coligação é uma coisa muito séria - todos estaremos de acordo neste ponto. Saberá quais os elementos que devem constituir uma proposta de coligação. Exemplos: 1. Que ideias para a Cidade se vão partilhar - repito: partilhar; 2. Quem cede em quê; 3. Que capacidade de manobra para os parceiros, se houver parceria; 4. Em que momento se está «em coligação»; 5. Que tipo de estrutura coligacionária passa a funcionar a partir desse momento; 6. Que pessoas vão dar corpo à coligação - não falo de listas, falo de coligação; 7. Que lugares são atribuídos a cada força política e em função de que critérios isso acontecerá; 8. Que pessoas vão, de facto, integrar as listas.
Saberá também que António Costa não falou com o PCP e ou o PEV (componentes da CDU) sobre nenhum destes 'items': Ruben de Carvalho já o deixou bem claro, numa célebre entrevista de 9 minutos à RTP há 15 dias. Não: António Costa, tanto quanto posso saber, fez duas coisas pouco eficazes nesta matéria: 1ª - falou à comunicação social, por duas vezes, na sua abertura a um acordo entre vários partidos; 2ª - utilizou um canal de intermediação para o mesmo tipo de solução. Mas sempre sem aquelas componentes que acima referi.
Não: apenas uma intenção sem conteúdos práticos.
Atenção: por razões de total honestidade e transparência, tenho de acrescentar que nada disto significa que o PCP (pelo menos o PCP) pudesse politicamente, na actual conjuntura, aceitar debater a construção de uma coligação para a CML. Isso, porque, de acordo com as decisões estatutariamente competentes e sua tradução popular há cerca de quatro meses, o combate à política de direita do Governo do PS-Sócrates prejudica qualquer campanha conjunta para as autarquias.
Como então foi explicado em linguagem bem clara: não se podia andar à tareia a Sócrates às segundas, quartas e sextas e andar em visitas a bairros de Lisboa às terças, quintas e sábados... de braço dado com o nº 2 do PS, António Costa.
Como direi? It´s the way it is: é assim que as coisas são. Lamento que assim seja. Mas é assim.

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7 comentários:

Anónimo disse...

o pior que se deseja de um acessor politico é que possa tratar ou pensar que os leitores da cidade de Lisboa serão miudos ou imbecis!
O desafio publico foi feito pelo A. Costa, e a resposta da cdu também foi publica."Não a qualquer acordo pré-eleitoral com o PS em Lisboa"
Escreves que as pessoas não entenderiam que a CDU fosse oposição á politica central do governo, e que, em Lisboa se pudesse assistir a uma gestão de governo municipal!
Em primeiro lugar, quando o Durão Barroso era primeiro ministro, a politica do PSD no plano central, não impediu que a CDU fizesse coligações com o PSD no Porto, em Sintra e em Oeiras.
em segundo, o mais urgente para a nossa cidade, é que a nossa cidade seja governada por gente decente e partidos decentes, que são a CDU, o PS e o Bloco, pesem as diferenças, as diversidades e as divergencias, para mais num quadro em que é possivel (por muitas razões) o retorno de uma pessoa bem responsável pela estado financeiro e "cultural" da cidade e do municipio.

Anónimo disse...

Mas o PCP pode andar ás segundas quartas e sextas a criticar a Ferreira Leite do PSD , e ás terças quintas e sabados , andar de braço dado com o PSD , em muitas juntas de Freguesia de Lisboa e em muitas Camaras Municipais.

Coerente sem dúvida....

José Carlos Mendes disse...

Já vi que o pessoal tem algumas dificuldades em fazer a diferença entre o antes e o depois das eleições: entre uma coligação pré-eleitoral e um acordo pós-eleitoral.

Há 4o anos aprendi isso (naquele edifício cinzento, com colunas à porta, ali à «Alameda do Campo Grande»), a propósito da então já famosa democracia francesa.

Passaram tantos anos - e não se sabe ainda o que é isso.

Tenho pena: nada a fazer.

José Carlos Mendes disse...

Deixem-me apenas acrescentar:

- uma coligação faz-se em torno de políticas comuns (o célebre PROGRAMA COMUM PS-PCF foi isso);

- uma acordo pós-eleitoral faz-se em torno de acção sectorial concreta.

Anónimo disse...

adoro o exemplo françês para dar noção das cedencias e percas da esquerda francesa. Os teus companheiros puros do leste sem alianças quase que desapareceram, ou não?

Anónimo disse...

E desapareceram exactamente por fazerem alianças destas com os pêesses lá do sítio.

Anónimo disse...

Claro que o PCP aceitava. Bastava que lhes oferecessem a mioaria das Juntas. Nada mais.