O acepipe

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Alguém do PSD apareceu numa sala: Santana é candidato a Lisboa. Ao fim de uma hora, depois da notícia, a net estava inundada. Nas redacções vai ser outra vez papo cheio: um acepipe. Para amigos e companheiros, também. Para Lisboa vai ser outra vez uma campanha miserável e, quem sabe, uma contagem daquelas... Se chegasse ao 1º andar dos Paços do Concelho, não tenho dúvidas: seria outra vez um regabofe de meninas e meninos, de carros e hotéis, de restaurantes e noitadas, de palhaçadas de colaboradores, de disparates e dislates financeiros e outros. Por aqui vão começar a passar as lembranças dessas formas disparatadas de gerir e gastar à tripa forra. Um circo. Ghery que o diga: com três dúzias de caixas de sapatos empilhadas conseguiu receber 2,5 milhões de euros. Não gastou mais de 25 euros, garanto-lhe. Talvez até ele voltasse para receber o resto.

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Pré-aviso à navegação

Não me incomoda nada o que prevejo que vai acontecer: que os santanistas venham dizer que não percebem por que é que me incomoda a falta de senso desta recandidatura e que os mesmos venham fazer de conta e dizer que pensam que Santana assusta a esquerda.

Eles nem concebem que a ética política me possa preocupar. É que a eles não os incomoda, de certeza.

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Calcanhar de Aquiles

Independentemente de quaisquer análises que farei depois, desde já avanço com este calcanhar de Aquiles do PSD em Lisboa - sejam quais forem os candidatos (e espero que venham outra vez ao baile craveiras como Helena Lopes da Costa, Eduarda Napoleão, Marina Ferreira, Pedro Pinto, Miguel Almeida e quejandos): Carmona, que teve mais votos sozinho em Lisboa do que o PSD todo junto, continua com a sua agenda aberta numa página que diz assim: Eleições 2009...

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O PSD está morto e bem morto.

Mesmo morto, de certeza

Acrescento que só num partido morto é que isto aconteceria: «"Foi uma escolha que teve origem nas estruturas concelhias de Lisboa, que foi aprovada pela Comissão Política Distrital, que foi aprovada pela Comissão Coordenadora Autárquica do partido e que foi aprovada na Comissão Política Nacional, por proposta da sua presidente (1)", resumiu Castro Almeida, em conferência de imprensa, na sede nacional do PSD, em Lisboa. "É uma escolha totalmente pacífica e é uma escolha muito entusiasmante.»

Tratando-se de Santana, com o que toda a gente viu em, Lisboa naqueles anos loucos, haver esta paz nos órgãos de decisão do PSD é a melhor prova de que esta é a paz dos mortos: o PSD está morto. Se dúvidas houvesse, hoje este senhor Almeida leu-lhe a sentença.

Ou seja: foi tudo preparado milimetricamente. Só faltava agora que a declaração de empenho de Santana também fosse notícia: «Santana promete empenho total na corrida à Câmara de Lisboa» (TSF).

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Santana arguido e candidato

Tudo foi preparado ao milímetro, sim. Até esta decisão que agora permite que um arguido se possa candidatar. Antes, com Marques Mendes, isso estava fora de hipótese.

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(1) É para mim evidente que hoje Ferreira Leite jogou para negativos e que mostra querer o melhor de dois mundos: dar gás aos populistas por um lado e, por outro, querer continuar a apregoar que quer fazer do PSD uma organização séria. Mas ela sabe que na profundidade das coisas isso é impossível e teme que todo o mundo chegue logo, logo à mesmíssima conclusão evidente. E isto vai ajudar Sócrates, mesmo com as divisões todas no PS... o que afasta as «chances» do PSD (felizmente, digo eu) da zona do poder. Ferreira Leite jogou também para neutralizar um adversário com forte poder de agitação (Santana) e para afastar um deputado incómodo (Santana). Leio no 'DN': «A líder do PSD (...) decidiu também que é incompatível a candidatura a presidente de câmara e a deputado». Mas foi um abraço ao urso. Uma rica trapalhada - foi tudo o que MFL conseguiu hoje. E já não se livra dela, a não ser abandonando a presidência do PSD. Começou aqui a sua sentença de morte na vida política.

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Mas lá que tudo isto vai ser um grande acepipe nas redacções, isso vai.

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