«Vemos, ouvimos e lemos...
Não podemos ignorar...»
Fanhais, cassete clandestina, 1969/1970
O que penso deste sururu em torno da Sindicância à Câmara de Lisboa vai estar disponível no blog 'O Carmo e a Trindade' logo que tenha uns minutos de tranquilidade. Mas para já, uns alinhavos iniciais. Primeira questão: acho que é dever de todos fazer tudo para uma total investigação a todos os níveis. Mas sem manchar esse objectivo com efeitos colaterais, sejam eles de que tipo forem. Por exemplo: ao mesmo tempo que a Presidência da autarquia recusa identificar os demitidos, outra fonte não só os identifica como fornece o Relatório a uma ou mais redacções. Isto é normal? Quem é que aqui está a abusar de informação interna? Quem é que beneficia disso? Outro exemplo: ouvi António Costa ontem explicar várias vezes que algumas das demissões nada têm a ver com a Sindicância. Mas sabemos todos que não é essa a ideia forte que passa para a opinião pública. Exactamente porque entretanto já nas redacções estava tudo esparramado, a começar pelo 'Sol' on line.
Ou seja: penso que há uma utilização da Sindicância para vários efeitos colaterais por parte de vários actores / agentes - mas Lisboa, assim, de pouco vai beneficiar.
Ou, por outras palavras: de como uma boa oportunidade pode ter sido estragada pela ambição política desmesurada de alguém que nem é difícil identificar. Mas eis que alguns dos seus apaniguados nem se dão conta de que estão a ser usados. Outros dão, claro, e promovem a coisa. Resultado final: a coisa parece o que não é (correcção de uma situação de pântano). E o que é (abuso de informação interna delicada e desrespeito do direito de defesa de pessoas envolvidas) não aparece nas notícias à luz do dia.
Ou ainda: de como por enquanto Sá Fernandes aparece como o cavaleiro andante de um processo - até um dia: sei que a coisa pode descambar de repente. Admito que não tenha sido a mão física de Sá Fernandes a fornecer o Relatório. E até admito, como alguém já escreveu nos comentários deste blog, que o Bloco pode ter fornecido o texto mas que a factura é de Sá Fernandes (com tudo o que isso signifique, politicamente falando).
Pior: desde a 1ª notícia sobre este assunto, anteontem à noite (artigo de Graça Rosendo no 'Sol', ainda claramente sem o texto da Sindicância à frente) - desde então, todas as referências nos sites acabam escandalosamente com um panegírico muito discutível a Sá Fernandes - o que por um lado parece ter sido escrito expressamente para identificar a fonte e, por outro, funciona como casca de banana... em cadeia e como rastilho: as pessoas nas redacções não investigam, copiam - copiam até os erros de facto, como é o caso do nome do director municipal que afinal nem foi exonerado... mas que apareceu em todo o lado com nome errado e como «demitido» (duas mentiras numa linha, por cópia).
E mais: de como a imprensa ignora olimpicamente os oito grandes processos do PCP junto da PGR e dos tribunais e mais as seis comunicações à Procuradora Sindicante...
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Nota final positiva: o PCP decidiu (e bem, em meu entender) não fornecer o Relatório nem informações sobre ele. Dezenas de jornalistas já mo pediram, como calculará. Pois bem: tenho explicado as razões da nossa decisão. E a resposta repetida é sempre esta: «Eh pá, entendo perfeitamente. Amigos como dantes. Mas eu tinha que te perguntar...». Conclusão: a responsabilidade do que está a suceder não é dos jornalistas mas das suas «fontes»...
2 comentários:
O BE é sempre o mau da fita para o Zé Carlos. Começa a ser triste!
1. Insinuações torpes como aquela que apaguei, não. Mesmo não, como sabem muito bem: apago logo.
2. A pessoa que escreveu isto aí atrás podia saber se quisesse que nada me move contra o BE. Nada. Pelo contrário. Mas move-me tudo contra infantilidades perigosas que me fazem lembrar velhas coisas: acusar sem direito de defesa, enlamear sem garantias. Mesmo que mais tarde as pessoas venham a ser condenadas, por enquanto ninguém tem o direito de as enlamear. E isso é fundamental para mim / para muita gente (incluindo do BE, sei disso)... O que alguém do BE está a fazer é um perigosíssimo jogo de meninos a brincar com armas de guerra. Dá sempre bota, meus senhores / meus meninos.
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