Os nano e pequenos interesses do PSD / Lisboa na pequenina política

.

Editorial

.

1.

Rebentou mais uma bronca das fortes nas hostes do PSD: Carreiras que se demitiu e se recandidata à Distrital não quer Manuel Falcão a liderar a bancada do PSD na Assembleia Municipal. E ao fazê-lo diz coisas muito desagradáveis para Santana que tinha imposto ao todo o PSD em 2008. Mas, como Santana perdeu as eleições e em sua opinião está no tapete por uns tempos, «atreve-se» a aleivosias (vistas de dentro e, pior, do lado dos santanistas, coisas estas são farpas no coração) como esta: «Isto é o PSD, não é o PSL». Que arrojo da parte de quem ainda há dias bajulava Santana.

O que penso disto?

Que estão bem uns para os outros.

2.

Para que não nos comam por tolos, quero apenas lembrar os passos como eles aconteceram e que vêm muito bem expostos aqui.

E o que aconteceu, por ordem cronológica há um ano?

- Em Setembro de 2008, Santana diz-se disponível para se candidatar a presidente da CML;

- Em Novembro, a Distrital de Carreiras impõe o nome e diz que tem o aval de Ferreira Leite;

- No entanto, deduz-se que não tem, porque Ferreira Leite disse de imediato aos jornalistas que era muito cedo para essa decisão, que só seria tomada após o debate do Orçamento de 2009.

Mas nem isso.

O que se viu depois foi que Ferreira Leite retardou a coisa o mais que pôde.

A decisão antecipada e temporã da Distrital soou sempre a pressão na praça pública.

3.

Carlos Carreiras continuaria sempre a pressionar.

4.

Por fim, Ferreira Leite lá acederia. Mas só a 16 de Dezembro do ano passado, como se vê aqui.

5.

Palavras como «candidatura entusiasmante» usadas na altura não esconderam o óbvio: havia mas é uma grande confusão nos bastidores da direcção nacional. Nem preciso de citar Pacheco Pereira. Basta recordar que em Maio de 2008 ainda Santana acusava Ferreira Leite de violação grave dos estatutos do PSD. E de Ferreira Leite todos se lembram de ter dito com mediana clareza quanto gosta de Santana quando disse que se lá estivesse (no boletim de voto) a foto de Santana não votaria PSD.

6.

Mas política obrigou mais uma vez. E Santana lá avançaria com a sua caminhada que julgava se dirigia para os Paços do Concelho.

7.

... E lá acabaria por apresentar a candidatura. Mas só a 25 de Abril de 2008.

8.

Um sapo engolido à força por Ferreira Leite. Que primou pelo silêncio nos apoios a Santana, o qual, já em 30 de Setembro deste ano, com a campanha no auge, ainda nem sequer tinha manifestado vontade de aparecer na campanha em Lisboa, o que obrigou Santana a pedir por favor que aparecesse, como se lê aqui.

9.

Recordo que o PSD de Carreiras e Santana, na Assembleia Municipal, se manteve coeso nos bloqueios a propostas do PS na CML durante o mandato intercalar.

10.

Hoje, volvidos apenas 12 meses, perdidas as autárquicas, o PSD apresenta-se assim: esfrangalhadito. Igual a si próprio: uma federação de interesses pequenos, pequeninos e muito pequeninos. Como num dia feliz as Produções Fictícias escreveram para os Gato Fedorento: os nano, micro e pequenos interesses da pequena e muito pequena política.

Repare-se também que tudo isto retarda o anúncio da decisão de Santana em assumir o cargo de vereador na CML. Adiou para ontem, agora para depois de uma reunião que fará na segunda-feira com os «seus» nas listas...

Ai, ai!

.