sábado, outubro 31, 2009

A propósito de quase duas páginas no 'Sol' de sexta que acabam de dar entrada na edição «blog on line»

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Editorial

Como se sabe, Santana Lopes acaba de escrever em quase duas páginas do 'Sol' algumas coisas chocantes.

Saliento aqui meia dúzia, às quais não se pode deixar de dar resposta.

1.

Campanha

(...) note-se que, a partir do Verão, não se ouviu o candidato do PCP nem o do Bloco de Esquerda protestarem pelo facto. Na linha, aliás, da enorme discrição e contenção das campanhas levadas a cabo por estes dois partidos. (...)

Resposta merecida

Quanto ao BE, nada direi. Quanto à CDU, as Redacções, a CNE, a ERC, as Direcções de Informação e até as de Programação conhecem os vários protestos (vários) ao longo da pré-campanha pela quantidade de horas de televisão e de páginas de jornais. Um protesto que foi até ao Gato Fedorento naquela semana em que houve os vergonhosos convites a Santana e a Costa.

Quanto à ideia mirabolante da contenção da campanha, no que à CDU respeita, digo o que vi no terreno: mais de 300 mil documentos impressos e distribuídos, mais de meia hora de tempos de antena de rádio e várias horas de spots de carros de som gravados, vários mupis temáticos, três outdoors. Que mais se podia ter feito? Visitas de muitos candidatos a todos os bairros de Lisboa, a alguns várias vezes, arruadas em vários pontos da Cidade...

Isto é contenção?

2.

Resultados eleitorais

(...) Em minha opinião, houve concertação nesse desvio de votos. O que, sublinhe-se, é legítimo – mas não pode ser considerado transparente. Não conheço nenhuma situação igual no país todo. (...)

Resposta

Não houve concertação, pelo menos não da parte da CDU. Houve, sim, bipolarização em benefício de Santana e de Costa (ver aqui, se houver dúvidas: Costa e Santana tiveram quase 2 horas de televisão para 27 minutos de Ruben, por exemplo - e não está contabilizada a programação, como os Gato) - e, no que toca à esquerda, houve quem agitasse de modo a favorecer Costa; houve personalidades que arrastaram pessoas em ilusões; houve arrastamento das legislativas para as autárquicas.

Mas vale a pena recordar o que se passou em Beja. Aí, sim, o PSD votou no PS só para retirar a maioria à CDU, que subiu a votação mas nem assim segurou a CMB.

3.

Dívidas

(...) Foram assumidos muitos milhões de dívidas que não eram do meu tempo e que transitavam de mandatos anteriores. (...)

Resposta

Hoje sabe-se mais do que isso. Sabe-se, com rigor e das fontes oficiais, qual era a dívida em fins de 2001, quanto cresceu em cada ano seguinte. Não vale a pena regressar à mistificação. Isso tudo já foi objecto de esclarecimentos oficiais.

4.

Reabilitação urbana

(...) A propósito da reabilitação urbana, também ficou patente o valor e a dimensão da obra feita nos diferentes mandatos. (…)

Resposta

A reabilitação em telas ainda dura por toda a cidade.

5.

Gestão urbanística

(…) E ainda no que respeita à correcção de procedimentos na gestão urbanística, nomeadamente em termos comparados. (...)

Resposta

As dezenas de processos em sede de órgãos de investigação falam por si.

6.

Projectos

(...) Só essa possibilidade faz-me sentir o dever de ‘não virar a cara’ e de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para impedir que façam mal a Lisboa.

Quero fazer tudo para que Lisboa não fique sem aeroporto. Para que mais contentores não ocupem o lugar de cruzeiros turísticos. Para que a terceira travessia Chelas-Barreiro não traga carros para Lisboa. Para que a ligação do túnel do Marquês à António Augusto Aguiar seja feita o mais rápido possível. Para que a recuperação do Parque Mayer se concretize. Para que os Planos de Pormenor em falta e a revisão do Plano Director Municipal fiquem concluídos. E, principalmente, para que a reabilitação dos bairros históricos e a requalificação dos bairros sociais sejam assumidas como prioridade cimeira. (...)

Resposta

Se, quanto ao aeroporto, se pode conceder, desde que não seja posta em causa a construção do novo aeroporto da margem Sul, e, quanto aos contentores, há que rediscutir sobretudo o contrato com a Liscont de Jorge Coelho, já quanto à prioridade turismo / contentores - actividade portuária de cargas de grande volumetria, aí há que ter cuidado com o sítio onde pomos os pés. (Actualizo: nem de propósito, no dia seguinte a este Editorial, o 'JN' referia que «nos portos de Leixões e Sines há subidas superiores a 6%», mas que, suponho que por falta de condições de atracagem e de escoamento, «já em Aveiro e Lisboa as perdas aproximam-se dos 15% na carga movimentada»).

Mas há nestas frases no 'Sol' outra mistura explosiva: a da Ponte Chelas-Barreiro. A terceira travessia é essencial e deve trazer carros, sim, mesmo que no «derrame» em Lisboa se deva estudar a sua disseminação em circular.

E, sobretudo, que autoridade em matéria de urbanismo, sabendo-se o que se sabe sobre os anos 2002-2007 nesse capítulo? Veja-se o resultado ainda incipiente em matéria de Sindicância e de investigação decorrente.

A revisão do PDM foi simplesmente congelada nesses anos.

Da reabilitação urbana, como se sabe, fez-se propaganda, painéis, telões - e mais nada.

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E se a alguém ficassem dúvidas do que se passou naqueles anos loucos, bastaria abrir este link para ter certezas. Mas é melhor nem abrir.

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Em jeito de nota final

Do que não li nada nas duas páginas do 'Sol' foi da guerra de bastidores em torno da liderança da bancada do PSD na AML: Falcão ou Prôa, eis a questão - disseram os jornais. E até disseram que era aí que estava a hesitação de Santana Lopes, depois de ter dito sempre que só concorria a presidente da CML. Mas ainda bem que decidiu sentar-se no seu lugar no elenco camarário.

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6 comentários:

Anónimo disse...

ainda bem que houve personalidades de esquerda que ajudaram a criar a ilusão e desejo de unidade em Lisboa. Ainda bem que A Costa ganhou e Santana perdeu. Ainda bem (com muita pena minha) que a CDU perdeu, para definitivamente se discutir a CDU na cidade e no distrito, para discutir a direcção regional que temos as orientações que promovem. Ainda bem que quer na CDU quer no Bloco as direcções percebem que os seus apoiantes já não fazem, sem mais o que querem...

José Carlos Mendes disse...

Dar a cara seria um bom princípio numa matéria destas, não?

Anónimo disse...

Continuam com ódio a Santana. Isto não é política, é fixação. E fixação é doença...

Anónimo disse...

Não há ódio ao Santana, há sim denuncia da sua INCOMPETÊNCIA, e estranheza, quando á sua volta muitos dos seus mais directos colaboradores estão a braços com processos judiciais, Santana escape sempre ileso, aliás como Paulo Portas.

Dois casos a serem estudados, pela forma benévola como normalmente a comuniacação social os trata , e já agora tambem a Justiça.

Anónimo disse...

Os cidadãos são livres de darem o seu voto a quem muito bem entendem, e é errado politicos ou miltantes partidários , justificarem os maus resultados, com transferencias de voto organizadas.

Se muitos votantes da CDU em Lisboa optaram por Antonio Costa, há que respeitar a sua opção, se votantes do PSD em Beja optaram por votar na lista do PS, isso tem de ser respeitado, aliás como no Barreiro, onde destacadas figuras do PSD apelaram ao voto na CDU.

E como não pode haver dois pesos e duas medidas neste tipo de analise, gostaria de saber o que pensa o militante do PCP, de o seu partido ter oferecido um lugar de veredor com pelouro ao PSD no Barreiro, será que posso interpretar o gesto como agradecimento da campanha que o PSD fez favor da CDU no Barreiro?

Anónimo disse...

E a incompetência do Jorgito e do Joãozito? Já nem falo dos prédios de 30 andares onde só se podiam construir 8 -pelas normas do PDM. Só que, como muito bem disse o PGR, esses mandatos não são investigáveis. Porquê? Ora aí está uma boa pergunta...