terça-feira, março 29, 2005

Jornal das 11 / 29 de Março

Sessões públicas da CML
É preciso um grande esforço para participar!

Acabo de me aperceber quanto a democracia pode ser condicionada, e designadamente a participação dos cidadãos nas sessões públicas para exporem os seus problemas ou mesmo contribuirem com as suas sugestões.
Pois bem: na CML, as sessões públicas são na última quarta-feira de cada mês, em princípio e como regra, sendo que um cidadão para poder usar ali da palavra tem de se inscrever (atenção) na segunda-feira anterior.
E mais me informam que «estão sempre assessores por perto a tentar demover a pessoa de ir lá falar».
Bonito serviço! Mas a culpa não é dos assessores, neste caso.

Referendo ao Túnel

Nesta semana, os dois órgãos municipais, a Câmara e a Assembleia Municipal, vão pronunciar-se sobre o referendo às obras do túnel do Marquês: a AML já hoje à tarde e a CML amanhã de manhã. Mas a CML vai apenas ratificar o despacho negativo do presidente. Uma situação interessante: o parecer da CML para a Assembleia Municipal seguiu por despacho que não está ratificado no momento em que a Assembleia debate o problema.
Estas diligências prévias são legalmente obrigatórias antes de qualquer decisão da Assembleia que, a ser positiva, será depois fiscalizada pelo Tribunal Constitucional.
Sobre o túnel/obra, é também notícia a informação avançada pela CML de que o trânsito vai começar a circular à superfície e que a obra termina no início de 2006. O que ninguém perguntou à CML é o que se passa com a célebre «colisão» entre o túnel e a galeria do Metro: as duas estruturas ficariam a 40 centímetros uma da outra... Um pequeno busílis. Uma «pequena» circunstância perigosa que deixa em pé os cabelos dos técnicos do LNEC e outros.

Cada cabeça sua sentença

Avisei aqui, há uns dias, que esta sondagem era estranha. Saíram os resultados no sábado, dia 26. Duas conclusões centrais.
Qualquer candidato que o PS apresente derrota Santana Lopes, conclui a Aximage (empresa de sondagens). Tanto faz que seja Manuel Maria Carrilho, João Soares, Ferro Rodrigues ou Mega Ferreira.
Carmona ganha a todos estes, acha a Aximage, com base nas suas 600 consultas telefónicas. Consultados. Assinantes de telefone fixo, da PT: a redução das reduções, nesta era de telemóveis, operadores diversos e falta de pachorra do pessoal. Mas é o que há.
É com base em sondagens, dizem alguns jornais, com o «Expresso» na linha da frente, que o PS escolhe Carrilho, depois da desistência acertada de Ferro. Digo ‘acertada’, por minha conta e risco, como já o escrevi em Junho passado: viria a Casa Pia toda para a campanha: certo e sabido: olhò Paulinho (sai de cena, mas não perde qualidades), olhòs seus amigos, olhòs outros todos…
E digo ‘com base em sondagens’ de propósito para acrescentar que esta sondagem da Aximage dá quase 65% dos sondados a preferirem que o PS concorra sozinho em Lisboa.
Mas, quanto aos candidatos: no «Público» Ana Henriques e Maria José Oliveira referem que Miguel Coelho se mantém «aparentemente» equidistante (Ferro ou Carrilho?).
António José Saraiva, no «Expresso», diz que Carrilho corresponde a uma nova «imagem que o PS quer hoje projectar». Rogério Rodrigues, em «A Capital», acha que, com Carrilho, «Lisboa fica bem entregue».
Joaquim Raposo, presidente da câmara da Amadora e da FAUL do PS falou e disse que só Carrilho se mostrou disponível, como quem dissesse: Não temos mais nenhum. E, a propósito da aceitação de Carrilho na sociedade «civil» (assim mesmo), Raposo desviou para o seguinte pensamento: «Agora (Carrilho) tem de pensar mais na parte do PS».
Continuo a pensar que em Lisboa se continua a procurar alternativa. E que os processos do Grande Porto e os da Grande Lisboa não estão dissociados (Francisco Assis já disse expressamente que quer coligações em vários concelhos, não só na cidade do Porto).


Todos à estalada

Agora até Clara Ferreira Alves, que Santana nomeou para presidir à Casa Fernando Pessoa, vem dizer no Expresso que se Santana não queria ser deputado não devia tirar o lugar a outro. Parece de coragem, não é?
Vem é com meses de atraso.


Perder e ganhar

Se a pediatra que foi convidada para o Governo Civil de Lisboa aceitar o cargo, dizem-me que se perde uma pediatra com 30 anos de medicina e sabe-se lá se se ganha uma política executiva de segundo plano, cujo cargo, aliás, toda a gente tem vontade de extinguir.
Vamos ver. Os próximos dias dirão.

Em marcha?

Carmona Rodrigues terá assegurado que a viabilização do Parque Mayer está assegurada porque o dinamizador do processo, o Casino de Lisboa, «está em marcha». Assim mesmo, segundo os jornais.
Mas não está, também segundo os jornais.
Ainda estará a patinar.
E agora?

Feira da Ladra

Não são poucas as queixas de lisboetas, designadamente de vizinhos, contra a Feira da Ladra. Alguns conheço eu e com eles tenho debatido o dilema tradição/comodidade… Vítor Agostinho, o presidente da junta de freguesia de São Vicente em que a feira está instalada às terças e aos sábados, aponta três questões principais: trânsito, higiene, incómodos para os moradores. Em todo o caso, entende que os postos de trabalho já mais antigos têm de ser salvaguardados.

Casa de Garrett

Hoje é o nº 68 da Rua Saraiva de Carvalho. Ali morreu em 1854 o político-escritor-político-visconde Almeida Garrett. O ministro da economia é o proprietário. Quer demolir o edifício e construir apartamentos de luxo.
Nada de inédito.
Ao «Jornal de Notícias» (Gina Pereira e Telma Roque) diz Oliveira Martins, do Centro Nacional de Cultura: «É um marco. Não pode ser apagado». E Carlos Consiglieri, do Grupo Amigos de Lisboa: «Sou contra».
Em 2004, o Movimento Cidadania LX apresentou à CML mais de duas mil assinaturas sobre este assunto.
Falta ainda o parecer da CML e do IPPAR.
Aguarde-se.

Comprometer, comprometer, comprometer

Há eleições em Outubro para as autarquias. Mas a vida não pára. A actual maioria compromete a CML em vários eventos que se realizam daqui a dois anos ou mais. Exemplos, há vários. Eis dois deles, mas recentes: já foi dado o OK da CML à realização de mais uma edição do «Rock in Rio», lá para Maio/Junho de 2006 e outra vez no Parque da Bela Vista, que este ano foi expressamente destruído para isso (até as palmeiras já secaram). De notar que Roberto Medina, o brasileiro, mais um da equipa, é que sabe da poda: já garantiu os necessários patrocínios; e, por outro lado, já está a ser garantido pela CML de hoje apoio financeiro e outros a iniciativas desportivas internacionais posteriores ao final do mandato, como é o caso da Regata dos Grandes Veleiros, a realizar também em 2006.
Em casos destes, aconselharia o bom-senso que nada fosse decidido sem uma votação expressa na CML, para que todas as forças políticas pudessem sempre pronunciar-se.
Nem sei se é feito, mas se não é, devia ser.


Cinema Europa
Notícias do Movimento

Na semana passada, os moradores presentes na reunião que se realizou na junta de freguesia de Santo Condestável em defesa do cinema Europa aprovaram a seguinte moção por unanimidade e aclamação: «Nós, os residentes e/ou recenseados na freguesia de Santo Condestável, trabalhadores e amigos do bairro de Campo de Ourique, apelamos à Câmara Municipal de Lisboa e à Junta de Freguesia: 1) pela não autorização de demolição do Cinema Europa; 2) pela preservação do Cinema Europa enquanto espaço cultural, multi-funcional e cívico, de apoio à população de Campo de Ourique e da cidade de Lisboa. Os residentes e moradores dinamizarão iniciativas que promovam a apresentação de projectos participados pela população, para aproveitamento do Cinema Europa enquanto espaço cultural, multi-funcional e cívico. JUNTE-SE AO PROTESTO!»

Registos

1. Pedro Pinto sai da administração do Metropolitano. É substituído por Carmona Rodrigues.
2. Fontão de Carvalho absteve-se na votação dos adicionais de publicidade para tapar as obras do Túnel do Marquês durante o Euro 2004: mais de 1700 metros de telas pintadas com frases de propaganda sobre a obra da maioria da CML na Cidade. PS e PSD votaram contra. PSD e CDS-PP aprovaram por maioria.
3. As obras do Túnel do Rossio (comboios, lembra-se?) «era suposto» arrancarem em Março (que vergonha de linguagem a minha, por influência maléfica sei lá de quem ou de quer: dos filmes americanos, de certeza), então, repito: deviam ter arrancado em Março. Mas o início teve de ser adiado. Certo e sabido é que só teremos comboios no Rossio outra vez lá para finais de 2006, e isso se tudo correr bem na obra propriamente dita…
4. Duas guitarras (de Coimbra) de Carlos Paredes, por ele doadas à cidade de Coimbra, já seguiram esse destino. Paredes, que era natural de Coimbra, morreu em Julho do ano passado, mas tinha feito o testamento em 1994. Aí constava já esta doação. Grande Paredes!
5. Fiquei abismado e ainda não estou convencido de que não seja erro: o jornal de publicidade «Alta de Lisboa», um investimento do «Dr. Stanley Ho», como o texto da última edição sublinha, pois esse jornal de propaganda comercial refere uma tiragem de 600 mil exemplares (seiscentos mil). É muito, não é? Por essas e por outras é que se diz que a construção civil dá para tudo.