sexta-feira, março 18, 2005

Jornal das 17 horas / dia 18 de Março / 2ª edição

Festa rija

Entre 21 e 28, mesmo sem dinheiro para mandar cantar um cego, a CML vai dar festa aos jovens. É a semana deles.
Teatro. Cinema. Exposições. Concertos à borla.
Serão 450 iniciativas. 20 locais de animação. Onde é que eu já vi isto? Parece que recuámos no tempo dois anos.
Tudo isto, a coincidir ainda com a abertura do Espaço Lx Diversão (quanto paga a CML através da EGEAC e da EMEL – se é que paga)?
Donde virá tanta massa, assim de repente. Ao mesmo tempo que os fornecedores estão a arder e as juntas de freguesia estranguladas?
Milhares. Muitos milhares. Dezenas de milhares de euros.
Mas não há dinheiro.
Vai crescer ainda mais a dívida a fornecedores. É isso?

Em todo o caso, parece que há uma solução muito simples à vista: vender, vender, vender terrenos. Que é o mesmo que dizer: vá, senhores da banca, senhores empresários, comprem, comprem que vai ser «barata feira», como se diz lá na minha terra. Encham-se, que a CML está «à rasca».

Uma certa maneira…

Há uma certa maneira de fazer notícias que me irrita desde os tempos do «Notícias da Amadora», onde comecei, há mais de 30 anos, a aprender questões de ética, deontologia, escrita correcta e escorreita, e onde sempre combatemos este vício de alguns jornalistas de outros jornais.
Que vício é?
Saltam-me logo à vista títulos como este: «Zonas centrais ganham 15 mil novos residentes». Vem no «Destak» de ontem. Mas podia vir em (e já aconteceu com) outros órgãos bem mais… ‘firmes’, digamos assim.
Por que razão me irrita este modelo?
O título encima a notícia (30 linhas) sobre o celebrado programa da CML através da Ambelis e de outras entidades. É um mero projecto de trabalho. Um programa de intenções e por enquanto não passa disso – talvez até nunca passe disso mesmo: carne para canhão nesta roda-viva de promoção, promoção, promoção. Mas o jornal já o dá como concretizado, pelo menos para quem só ler o título.
E é sabido que uma percentagem significativa de pessoas só lê o título. Mas, que assim não fosse: é mentira. As zonas centrais não ganham residente nenhum. Quando muito, vão ganhar, e se ganharem. Mas, pronto, o correcto seria escrever «vão ganhar». E, por favor, não me venham com a história estafada da necessidade de poupar palavras nos títulos… Este é um ‘blog’ de combate político, como tenho escrito vezes sem conta. E, do ponto de vista político, denuncio que aquele título é, a todos os títulos, um frete político. É uma certa maneira de fazer política. Sem hesitação, o digo, até porque esta cena se repete demasiadas vezes por essa imprensa fora.

O negócio da vida do Belenenses

Vamos voltar meio ano atrás. Na altura, um grupo de moradores contestou fortemente um loteamento do Clube de Futebol Os Belenenses, clube que, a concretizar-se o empreendimento, pode ter virado empresário de grande construção civil «aparentemente, em coligação com duas grandes empresas privadas da área de Lisboa», como escrevi na altura. Está na hora de voltar ao contacto com estes moradores e voltar a acompanhar o caso. Então previ que
«sobre este assunto, ainda há-de correr muita tinta. Mas, pelo que já se sabe, esta é a oportunidade de negócio da vida do Belenenses. Num terreno desportivo construir mais de 350 casas, é obra. Pareceria que tal não seria nem possível, nem desejável, nem autorizável. Mas é. O mistério de Belém é no que dá.
O que não se percebe é se o Plano Director Municipal o permitirá.
Não sabemos se quando, em 1990 ou pouco depois, a CML cedeu os terrenos ao Belenenses condicionou ou não a sua utilização a fins desportivos em exclusivo. É natural que sim.
Não se sabe se os acordos anteriores celebrados entre o clube e a autarquia permitirão tal utilização dos solos em causa ou antes os condicionam a uso desportivo.
Não se sabe de repente se o velho Belenenses sente ou não incompatibilidade com este tipo de negócio. Nem se mesmo questões de sobrevivência se coadunam com as negociatas da construção civil… sabido como é que noutros casos célebres em Lisboa (Sporting e Benfica) houve tanto sururu por esta mesma razão.
Enfim. Muita tinta pode ainda correr. A Associação de Moradores local garante que está atenta e que procurará por todos os meios impedir o que apelida de «projecto megalómano». Nisto, merece todo o apoio.»


Vou voltar ao tema já na semana que vem – a qual, em matéria de ‘blog’ termina na 5ª-feira, não esquecer…
Para já, bom fim de semana.