segunda-feira, março 14, 2005

Jornal das 11 / Dia 14 de Março

Portas

Paulo Portas terá tido uma longa conversa com Santana Lopes enunciando argumento sobre argumento para que Santana regressasse à CML. E tê-lo-á convencido definitivamente. Quem conta isto é Filipe Santos Costa (FSC), no «DN» de domingo. Mas o que aparentemente FSC não sabe ou esqueceu é que o próprio Portas é vereador eleito em Lisboa. Aliás, esse cargo originário do CDS-PP é dele. Por que razão não regressa o próprio? Por que razão FSC não perguntou isso à tal fonte tão próxima de Santana – um habitual interlocutor do agora novamente presidente da CML? Portas revela-se assim um verdadeiro amigo… da onça… de PSL.

Carmona

Hoje, está um frenesim à porta da CML, à espera. Ontem à noite, Carmona ainda dizia que não sabia se era presidente da CML. Se não era, há aqui uma questão séria a partir deste momento: que é feito das competências que a lei concentra na CML e esta pode delegar no seu presidente, parte das quais este pode sub-delegar nos seus vereadores? O «Público» já levantou o problema.
Uma coisa é certa: a sesão da CML que estava marcada para 4ª-feira, depois de amanhã, já foi desconvocada...
Em todo o caso, dada a circunstância desagradável de não saber ou ter de dizer que não sabe, Carmona vinga-se bem.
Uma bofetada com luva. É o mínimo que se pode dizer do facto de Carmona Rodrigues, na presente conjuntura, vir manifestar o seu apoio a Marques Mendes na corrida ao cargo de presidente do PSD. Carmona nem sequer é militante. Mas está na calha para a corrida aos Paços do Concelho lá para 9 de Outubro. E sendo previsível que Mendes ganhe, é melhor estar desde já nas boas graças, pelo sim, pelo não. Mas não é só essa a bofetada. É que Mendes é opositor tradicional de Santana. O amigo de Santana nesta corrida é Menezes. Mas Carmona marcou desta forma nada discreta o seu distanciamento actual de Santana, apesar de aceitar as condições humilhantes em que tudo se passou na transição de Santana de São Bento para Monsanto. Mais: o facto de Santana Lopes afinal não ter comprado casa (como os seus fiéis puseram a circular) mas apenas ter alugado novamente a mesma casa pode significar outros planos de Santana que não a recandidatura a Lisboa. Fala-se de um cargo borda fora do tipo OCDE. E aí fica mais livre o caminho para Carmona se candidatar a Lisboa. Mas pode haver um escolho: António Mexia, uma espécie de António Vitorino do PSD: bom para cenários, o melhor para lutas virtuais.

Inquilinos

Na tarde de sábado, o Fórum da Associação de Inquilinos Lisbonenses reuniu dezenas de outras entidades para o debate sobre a Lei das Rendas, que Sócrates disse que vai regular no prazo máximo de cem dias.
Ordens profissionais, colectividades, inquilinos do Norte, associações de deficientes, comércio e restauração, PCP, BE, CGTP – foram algumas das presenças mais notadas.
O presidente da Assembleia Municipal de Lisboa mostrou-se preocupado e repetiu a sua célebre dicotomia: «O que é que querem fazer de nós: portugueses ou beduínos?» (De casa às costas, se os contratos só forem válidos por cinco anos… leia-se).
Esta matéria ainda vai fazer correr muita tinta. Disso ninguém duvide. Logo que o PS avançar com a sua proposta, os conflitos saltarão como coelhos da toca. Isso é mais do que previsível: é certo e seguro.
Mas no imediato, e aprovado que foi um texto orientador, coloca-se desde já a primeira questão. Não há no governo um departamento da Habitação, ao contrário do que sempre aconteceu.
A quem vão os Inquilinos de Lisboa apresentar estas conclusões, se no organograma do governo não vejo sequer uma secretaria de Estado da Habitação? Parece que é o dr. Eduardo Cabrita que vai tomar conta deste assunto. Mas ele é secretário de Estado da Administração Local… Em todo o caso, durante o Fórum alguém até se mostrou informado: esta matéria ficará a seu cargo.