quinta-feira, setembro 14, 2006

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Contrabando em alta escala
no Soito

Agora mesmo ouvi num telejornal uma notícia de contrabando de tabaco apreendido hoje lá para as minhas bandas.
Isso fez-me lembrar de imediato uma história do diabo que se contava na minha adolescência e que diz respeito ao alto contrabando feito por um senhor a quem chamavam simplesmente «O Toninho do Soito».
Parece que era contrabando a sério e em alta escala.
Tanto que um dia – e por isso é que a história era contada quase como anedota, porque dava a dimensão da rede – um professor do Soito, ao atravessar a fronteira entre a Suiça e a França (julgo que era isso) foi mandado sair do carro com voz de autoridade de poucos amigos como se ele fosse um criminoso e começou a ficar muito preocupado quando os guardas desataram a falar muito alto e a referir várias vezes a palavra (mal pronunciada) «SOITO» com ar de grandes exclamações.
Os guardas fronteiriços lá se entenderam para desgraça do professor que não tinha culpa nenhuma e estava a pagar as favas.
Às tantas, percebeu tudo.
Os guardas – conta-se, mas de tão abstrusa, confesso que nunca engoli muito bem esta parte da história. Ma lá que a contavam assim, isso contavam –, num segundo momento, passaram a falar descaradamente de «TÒNI» E DE «SÒITE».
Aí fez-se luz: era tudo por causa do Toninho do Soito, que se gabava de atravessar exactamente aquela fronteira sempre com o carro carregado de relógios, e quando lhe perguntavam se nunca o apanhavam, ele respondia com a maior das latas:
- Apanham-me muita vez. Mas dá bem para a despesa.
O que é certo é que o professor, sem culpa nenhuma, estava a pagar as favas, só pelo facto de no passaporte ter o mesmo nome de terra natal…
E desmontaram-lhe as longarinas do carro à procura de relógios de contrabando.
Claro que, quando chegou ao Soito e à região contou a história a todos, a começar pelo Toninho – o qual só se sorriu!! Nada mais: para ele, era normal que aquilo tivesse acontecido:
- Sabe? Julgavam que você estava a fazer o frete ( = transporte) para mim…
E a história correu todos os cafés da região.

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2 comentários:

José Carlos Mendes disse...

Um amigo chama-me a atenção para o que se conta que o guarda de fronteira dizia para o colega:
- Portugal! Soito! Toninho!
Isso, antes de desmontarem o carro do homem que não tinha culpa nenhuma...

José Carlos Mendes disse...

Já depois de inserir este post, contaram-me uma do Toninho do Soito que não conhecia e que tem piada.

O Toninho, quando comprava lá fora calçado para trazer para Portugal, comprava logo dois camiões.
Mas organizava a coisa de forma especial: mandava abrir as caixas todas e mudar um pouco a arrumação habitual: carregava num dos camiões apenas os sapatos do pé direito e no outro só os do pé esquerdo.

Para quê?

Para o caso de os carabineros ou a Guarda Fiscal lhe aprenderem o material e o levarem a leilão...
Aí ele aparecia no leilão e avisava os potenciais compradores de que tinha havido engano da fábrica e que o calçado era só do pé tal e não havia nada para o outro pé...

Claro que ninguém lhe pegava.

Acabava por comprar ele por baixíssimo custo.

Mais uma do esperatalhão do Toninho...