quarta-feira, julho 04, 2007

Candidatura da CDU a Lisboa

Arruada
O Castelo e Alfama pediram a Ruben e a Jerónimo para porem travão ao esquecimento camarário
Foi ao som de gaitas-de-foles e bombos que o candidato da CDU à Câmara de Lisboa, Ruben de Carvalho, ladeado do secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, desceu do Castelo até ao Largo do Chafariz de Dentro, em Alfama. Foi entre becos e ruelas sinuosas que atravessaram duas das freguesias mais envelhecidas da cidade e onde a reabilitação urbana anda a passo de caracol, com dezenas de obras paradas por falta de pagamento por parte do executivo.
Ruben e Jerónimo ainda não tinham chegado junto ao Castelo de São Jorge e já alguns dos moradores mais antigos de uma freguesia que já teve quase 6000 habitantes, e actualmente não conta com um milhar, se queixavam. "Aqui já não há mercearias, é só artesanato. Mas nós não comemos artesanato e para irmos às compras temos de ir até à Graça", lamentou-se, brandindo a bengala, Álvaro Pimenta, de 80 anos. Angelina Silva, um ano mais nova, falava da falta de gente. "Agora, para se realizar a marcha do Castelo é preciso vir gente emprestada de outras freguesias, de Santo André e São Cristóvão, e até de Loures. Quando a velhada morrer isto vai ser um bairro para os ricos e para os doutores".
O dinheiro é, de resto, uma reivindicação dos idosos. Não o reclamam para si, mas para a junta de freguesia (o Castelo e Santo Estêvão, onde se insere Alfama, são dois dos oito bastiões comunistas em Lisboa).
Em plena arruada, interrompendo a distribuição de cumprimentos a cada cabeça que assomava às janelas ou postigos, os dois dirigentes comunistas prestaram as habituais declarações à imprensa. O candidato à câmara lembrou as obras paradas por incumprimento financeiro da vereação - uma idosa lamentava-se, ao mesmo tempo, de lhe terem colocado uma caixa de esgotos debaixo da cama - e salientou que o que foi feito, em termos de habitação e outros imóveis de interesse público, se deveu aos autarcas da CDU.
Jerónimo de Sousa, sempre muito solicitado, referindo-se ao resultado final das eleições, disse que o mesmo não é um teste à sua liderança, afirmando ainda que António Costa (candidato do PS), ao não atingir a maioria, deverá encarar esse resultado como sinal de desagrado do povo em relação.
(In Público – sem link)

Entrevista
RUBEN DE CARVALHO
«É perfeitamente possível tirar a Câmara do seu buraco financeiro»
Ao Destak, o candidato acredita poder salvar a autarquia e critica Carmona Rodrigues e António Costa.
Afirmou que António Costa é um dos responsáveis pela grave situação financeira da Câmara de Lisboa, ao ter aprovado, enquanto ministro da administração interna, a diminuição drástica das receitas no âmbito da lei das finanças locais. Acha que António Costa foi uma má escolha do PS?
Sobre as escolhas do PS não me pronuncio. Em relação à situação financeira é um facto que António Costa, enquanto Ministro com a tutela das autarquias, com a nova Lei das Finanças Locais retirou 33 milhões de euros à CML, verba que daria para pagar a divida a milhares de fornecedores do Município que estão há muitos meses a espera de receber (...) (Destak).
(Destak)

Parque Mayer
Ruben de Carvalho, ex-vereador e cabeça-de-lista da CDU, defende a elaboração de um Plano de Pormenor para o Parque Mayer e diz que a defesa do Jardim Botânico não pode ser minimamente posta em causa.
«Em relação às soluções que têm a ver com o imaginário e com a componente cultural, eu penso que é muita falta de confiança na capacidade criadora - para a qual não há razão, porque têm demonstrado tê-la em muitas circunstâncias - dos arquitectos, dos paisagistas, dos criadores portugueses em encontrar uma solução harmoniosa, de acordo com os interesses da cidade, que não seja um monstrengo arquitectónico, nem o desastre económico que foi, nem o disparate total que foi a permuta, que acabou por ser, além do mais, um dos embustes políticos», afirma.
Ruben recorda que seis anos depois, não há Parque Mayer, não há Feira Popular, nem projectos.
O candidato comunista defende a anulação do negócio com a Bragaparques e espera que o processo judicial, em que alguns ex-vereadores são arguidos, resulte na anulação da permuta e da hasta pública.
A CDU colocou no seu sítio na Internet vídeos da Assembleia Municipal em que foi aprovada, com os votos do PSD, PS e do BE, a permuta de terrenos.
Para a CDU, as eleições não podem ser separadas deste caso, isto é, da investigação criminal que motivou e da constituição de arguido do presidente e dois vereadores.
(...)

Sem comentários: