terça-feira, junho 10, 2008

Esquadra da PSP do Alto do Lumiar / Perguntas com pontos de fuga


Sr. Deputado Miguel Coelho,

O Senhor decidiu «solicitar (a 6 de Junho) ao Sr. Ministro da Administração Interna que informe: 1º - Que critérios levaram a Direcção Nacional da PSP a alterar unilateralmente o uso das instalações cedidas pela Câmara Municipal de Lisboa; 2º - Se é intenção da Direcção Nacional da PSP cumprir o espírito do Protocolo estabelecido, instalando uma esquadra policial que sirva com eficácia o conjunto das populações residentes nas freguesias que integram o Alto do Lumiar.»
O modelo de pergunta sugere já duas respostas anunciadas: «Eficácia» para a primeira e «Sim» para a segunda. E pronto: fica o calendário cumprido, como se diz na gíria da actividade política. Aliás, na introdução às perguntas, o Sr. Deputado não mostra grande fé na concretização da tal «esquadra policial» para «o Alto do Lumiar», já que diz, a páginas tantas: «Acontece que esta esquadra policial iria servir uma das zonas de maior expansão da cidade de Lisboa, a qual abrange uma camada significativa de populações e apresenta alguns problemas complexos em matéria de segurança pública.»
Repare. «iria servir». Não escreveu: «vai servir» nem «deve servir». Escreveu «iria», no condicional - uma forma verbal que, usada nestes contextos, significa rigorosamente («iria», mas) já não vai servir. O Senhor lá saberá. O Senhor certamente sabe que já não vai haver ali esquadra nenhuma de policiamento de proximidade. O seu instinto traíu-o? O Senhor sabe mais do que nos diz?
A coisa está decidida? (E o Senhor parece sabê-lo muito bem.)
Ou seja, resumindo e concluindo: eu leio que «esquadra» para policiamento já era.
E leio isso porque suponho que o Senhor está mais informado do que eu e fala no condicional e faz aquelas perguntas meio escapatórias.
Porque saberá que não vai haver policiamento. Mas tem de fazer o requerimento porque os militantes e as populações (eleitores) do Alto do Lumiar o desejam. Mas não haverá esquadra de policiamento de proximidade naquela zona, suponho.
Lamentavelmente, é isso que leio no seu requerimento: Bye-bye, esquadra de policiamento do Lumiar.
Mas o Senhor fez aquelas perguntas. Note: aquelas e não outras. Porque já saberá, deduzo, que elas não vão alterar nada daquilo que o MAI (o MAI, Sr. Deputado, e não a PSP) já decidiu.
Como é evidente para qualquer cidadão com dois olhos na testa.
Mas se o Senhor, como Deputado do PS, com o poder de encosto que isso lhe confere, perguntasse ao MAI quando e onde é que... isso, sim, podia ajudar à segurança do Lumiar. E se perguntasse se «estas instalações actualmente já disponíveis vão ser usadas para o fim com que foram cedidas (polícia de policiamento e não polícia de outra coisa, como o trânsito, por exemplo», então, ainda melhor.

Desculpe a intromissão. Ficam as sugestões para que as perguntas ao Dr. Rui Pereira possam um dia destes ser feitas mas sem pontos de fuga.

Sem comentários: