Este modelo não fazo meu género. Reconheço. Ir assobiar para a porta de uma pessoa... enfim, já vi melhor ideia e os milhares e milhares que se manifestam nas ruas também. Mas, em tudo isto, se alguma coisa dói, é sobretudo o seguinte: o medo que se está a instalar em vários degraus e momentos da sociedade em Portugal. E não é medo do regime, como antigamente. É medo da «révanche» incentivada por Sócrates quando se indigna com a indignação das pessoas e chama perseguição às formas diversificadas de as pessoas que se sentem injustiçadas mostrarem a sua indignação. Sócrates, no poder, sabe ao que está e sabia ao que ia quando para lá se dirigiu. As pessoas nas suas vidas, não: as injustiças entram-lhes pela casa dentro sem serem esperadas.
Acho que são casos de legítima defesa dos cidadãos angustiados. Que assim perturbam infelizmente os dias de quem os perturba. Melhor fora que não precisassem de vir para a rua. Em casa, no quentinho, está-se bem melhor, claro.
Ou, como disse Carvalho da Silva ontem falando para Sócrates, no encerramento do Congresso da CGTP: «"Deixe de ser forte com os fracos e fraco com os fortes". (...) "não tenha esta obsessão contra os trabalhadores e os sindicalistas". "Isso mata qualquer hipótese de diálogo"».
Quanto ao que se terá passado ontem no Rato, o que me preocupa não é a irritação de Sócrates, que respeito, claro. O que me preocupa mais é mas é isto: «(...) poucos se atrevem a dar a cara e o nome, temendo serem prejudicados na avaliação que se aproxima ou mesmo serem alvo de processos disciplinares. Alguns falam até em perseguições nas escolas - "quem é do contra fica com turmas e horários piores", afirma uma professora, que pede o anonimato».
1 comentário:
sócrates confunde autoridade, que não existe, com autoritarismo, de que abusa.
É isto que os patrões advogam e aplaudem.
E que os sócrates por esse mundo fora fielmente cumprem á risca, a troco de um prato de lentilhas.
Os de ontem, os de hoje e os de amanhã (salvo seja).
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