Vai daí, várias críticas partidárias no ar.
Portanto, estava criada mais uma grande embrulhada do mandato. Só que, desta vez, nem sequer era atribuível a Sá Fernandes. Não: ela vinha da boca do próprio António Costa, logo ampliada pelo PS via jornal-encarte, distribuído «à rica» dentro de tudo o que é jornal em Lisboa.
Mais. Apertado pela jornalista, o vereador das Finanças fez o pior que podia ter feito: disse que não tinha os números todos (código para: isso não posso provar...). E não pode provar. Simplesmente porque não há prova possível. Ou seja: o vereador desmentiu Costa, na prática. Disse oficialmente e ficou registado que «os 180 milhões não são relativos à dívida anterior a 31 de Dezembro de 2007». Ou seja: disse que são dívidas deste ano (nem isso poderá ser assim, mesmo gastando à tripa forra), dívidas deste mandato, destes últimos meses. Coisa estranhíssima para um político vir dizer, depois do sururu que o Presidente e o PS fizeram para... de duas uma: a) nos enfiarem um grande barrete camuflado numa má redacção de uma péssima ideia; b) nos virem dizer a coisa mais simples do mundo: que não pagam as dívidas anteriores a 31 de Dezembro de 2007 - nem as suas, já que tomaram posse a 1 de Agosto de 2007, nem as do tempo de Santana e Carmona - essas, sim, dívidas de que todos temos falado e para as quais até se apoiou a proposta de empréstimo de 360 milhões, como já antes se aprovara a ideia de um empréstimo de 500 milhões.
Ou seja e em resumo: alguém nos está a mentir. Ou estão várias mentiras no ar.
Nem sei como é que hão-de descalçar esta bota.
Mas vão ter de explicar. O Município não suportaria viver com esta barafunda.
A Assembleia Municipal não deixará de reclamar verdade e transparência, tal como não deixará de acontecer na própria Câmara.
Custa-me escrever o que segue, mas não posso calar. Não, do ponto de vista político. É o que vai ler. Acho sinceramente que António Costa naquela tarde da entrevista se deixou embalar a si mesmo num qualquer canto de sereia e se saiu com um exagero monumental: o dos 180 milhões. E que foi logo apanhado numa teia de irreversibilidades, a pior das quais foi o aperto dos homens da propaganda do PS que quiseram logo fazer um bonito com aquela idioteira do jornal. Isso foi o pior. Agora a coisa está num tal pé que, se se tiver a coragem de esclarecer tudo, vai mesmo doer muito. Politicamente, claro.
E, pior, se estivesse no Governo (como sempre esteve, quando no poder) Costa nunca seria tão apertado. Mas numa autarquia, onde tudo está em documentos distribuídos a toda a gente, a coisa vai estar preta.
Lamentavelmente, digo eu.
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