segunda-feira, junho 26, 2006

«Azambuja»

1.
“Greve de duas horas em cada turno em Saragoça e em Eisenach… como na Azambuja… Bonito de ver” (Vítor Dias, ‘Público’, 23 de Junho de 2006, pág. 9)

2.
“Fecho da Opel serve apenas para salvar fábrica de Saragoça” (Lurdes Ferreira, ‘Público’, 23 de Junho de 2006, pág. 23)

3.
Você deu conta de que a Opel / GM recebeu milhões de subsídios e de benesses e agora, que não quer cumprir a sua parte do contrato, ainda faz ameaças veladas a Portugal, ao Governo e aos trabalhadores, como quem dissesse: «Estejam mas é caladinhos, se não ainda é pior»? Deu conta?

4.
(Percebo cada vez melhor uma coisa: os capitalistas, os donos das grandes empresas, são apaparicados pelos governos, mas o negócio deles é o dinheiro puro e duro, sem alma. E sem honorabilidade. Recebem incentivos a rodos mas nem sequer honram os seus compromissos, designadamente os assumidos nos acordos que assinam com os governos. Mas mesmo assim há sempre muitos a lamber-lhes as botas. Por que será? Tem pai que é cego! – como dizia o outro).

5.
Você deu conta de que os trabalhadores da GM de Saragoça (cuja fábrica e postos de trabalho até serão salvos pela deslocalização da Opel da Azambuja para Saragoça) também fizeram paralisações de duas horas em turnos, tal e qual como os «nossos»?

6.
E deu conta de que os trabalhadores da GM de Eisenach, Alemanha, também fizeram o mesmo, por causa dos seus companheiros da Azambuja?

6.
(Dantes chamava-se a isto solidariedade proletária internacionalista. E agora, que dizem que já não há proletariado e que em vez de internacionalismo só haverá globalização, agora como se chamará a isto? Nada. Pois se as redacções nem deram conta dessa solidariedade…).

7.
Alguém devia fazer um poema agora sobre este fenómeno bonito. Podia chamar-se «Azambuja». Alguém devia musicar logo esse poema. Alguém devia cantar já essa música. Alguém devia editar já esse CD.

8.
Eu comprava já.

9.
Mas ninguém vai ter tempo para isso.
E quem tinha tempo e vontade não sabe fazê-lo…

10.
Dos jornais: “Mudando o fabrico para Saragoça não baixa o preço do modelo em causa”, dado que a empresa tem de devolver alguns milhões de euros ao Estado Português.

11.
Dos jornais: “A GM terá de devolver a Portugal entre 25 e 35 milhões de euros”.

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