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Lisboa e o resto: «ir para a noite» ou ser «cromo»?
Coitada da menina
A 24 de Julho é perigosa sobretudo de noite. Sobretudo de sexta para sábado e de sábado para domingo. Por vezes serão milhares de miúdos, mas centenas são sempre. E alguns já toldados. É «a noite». É para combater o «stress» e a pasmaceira da semana de faculdade ou de emprego. É para desopilar. É para descontrair. Para a «desbunda».
Depois, a rusga da bófia multa, arrecada uns quantos, chateia sempre.
Mesmo assim, tanto acidente naquela artéria: das piores da Europa.
Manuel João Ramos, presidente da ACA-M, protesta e quer medidas e quer ver responsabilidades apuradas.
Mas nada muda.
«A noite» domina os espíritos da malta toda a semana. E quando a sexta-feira chega, ninguém dispensa, ninguém quer ver mais nada: 24 de Julho com eles.
Isto fez-me reflectir sobre uma história pessoal de uma menina que recebeu um prémio. Uma história que reza assim como segue.
Uma miúda lá do Norte ganhou um prémio. Não por ser «miss» qualquer coisa. Não por ser bonita. Não por ser vampe. Não por ter tentado casar com alguém rico. Apenas porque teve 20 de média no secundário. Só 20. Está em Medicina no Porto. Levanta-se às 5 e tal. Regressa às 19 a casa. Aprende música, navega na net e vive «no limite», expressão da própria, não pára, não dorme, não descansa. Se calhar não «curte» uma boa com as amigas, não «vai para a noite» à sexta e regressa só quando já for quase domingo (como sempre fizeram os e as estudantes – e como fazem, só para exemplo, os da minha família: gozam a vida). Parece que esta, não… Coitada da menina…
Esta história narrada ao pormenor pelo ‘Público’ de hoje fez-me recuar e lembrar-me da história dos miúdos de hoje nas escolas. A última coisa que querem, dizem eles mesmos, é ser «cromos». Odeiam os «cromos». Os «cromos» são estes mesmos: os que se fecham em cima dos livros e não vêem mais nada. Os que vivem para ter boas notas e mais nada. Esses são os «cromos» - os piores exemplos, no dizer da miudagem de hoje, contam-me. Um ódio.
São uma espécie de maus exemplos.
Os «cromos» não vão para a «noite». Mas por isso mesmo também não arriscam a vida na 24 de Julho.
Mas agora leio que esta miúda do prémio (premio esse que por acaso até tem o nome de um meteorologista de lá de perto da minha terra) – ela não é bem assim: não «marra», diz ela. Mas é «perfeccionista» e muito, demasiado exigente consigo mesma e com os outros. E tem «mau feitio», como a própria confessa…
E, ao que parece, nada de «ir para a noite».
Ok. Já percebi: não se pode ter tudo: o que é bom, ou faz mal ou é pecado.
Lisboa e o resto: «ir para a noite» ou ser «cromo»?
Coitada da menina
A 24 de Julho é perigosa sobretudo de noite. Sobretudo de sexta para sábado e de sábado para domingo. Por vezes serão milhares de miúdos, mas centenas são sempre. E alguns já toldados. É «a noite». É para combater o «stress» e a pasmaceira da semana de faculdade ou de emprego. É para desopilar. É para descontrair. Para a «desbunda».
Depois, a rusga da bófia multa, arrecada uns quantos, chateia sempre.
Mesmo assim, tanto acidente naquela artéria: das piores da Europa.
Manuel João Ramos, presidente da ACA-M, protesta e quer medidas e quer ver responsabilidades apuradas.
Mas nada muda.
«A noite» domina os espíritos da malta toda a semana. E quando a sexta-feira chega, ninguém dispensa, ninguém quer ver mais nada: 24 de Julho com eles.
Isto fez-me reflectir sobre uma história pessoal de uma menina que recebeu um prémio. Uma história que reza assim como segue.
Uma miúda lá do Norte ganhou um prémio. Não por ser «miss» qualquer coisa. Não por ser bonita. Não por ser vampe. Não por ter tentado casar com alguém rico. Apenas porque teve 20 de média no secundário. Só 20. Está em Medicina no Porto. Levanta-se às 5 e tal. Regressa às 19 a casa. Aprende música, navega na net e vive «no limite», expressão da própria, não pára, não dorme, não descansa. Se calhar não «curte» uma boa com as amigas, não «vai para a noite» à sexta e regressa só quando já for quase domingo (como sempre fizeram os e as estudantes – e como fazem, só para exemplo, os da minha família: gozam a vida). Parece que esta, não… Coitada da menina…
Esta história narrada ao pormenor pelo ‘Público’ de hoje fez-me recuar e lembrar-me da história dos miúdos de hoje nas escolas. A última coisa que querem, dizem eles mesmos, é ser «cromos». Odeiam os «cromos». Os «cromos» são estes mesmos: os que se fecham em cima dos livros e não vêem mais nada. Os que vivem para ter boas notas e mais nada. Esses são os «cromos» - os piores exemplos, no dizer da miudagem de hoje, contam-me. Um ódio.
São uma espécie de maus exemplos.
Os «cromos» não vão para a «noite». Mas por isso mesmo também não arriscam a vida na 24 de Julho.
Mas agora leio que esta miúda do prémio (premio esse que por acaso até tem o nome de um meteorologista de lá de perto da minha terra) – ela não é bem assim: não «marra», diz ela. Mas é «perfeccionista» e muito, demasiado exigente consigo mesma e com os outros. E tem «mau feitio», como a própria confessa…
E, ao que parece, nada de «ir para a noite».
Ok. Já percebi: não se pode ter tudo: o que é bom, ou faz mal ou é pecado.
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