domingo, março 25, 2007

Calceteiros de Lisboa


Marina Almeida: «A calçada portuguesa foi pela primeira vez aplicada na parada do quartel do Batalhão de Caçadores n.º 5 no Castelo de São Jorge, em 1842. Foram usadas, por iniciativa daquele que é assinalado como o "pai" da calçada, Eusébio Furtado, pequenas pedras brancas e pretas. O motivo - um ziguezague de grande impacto visual - saiu da cabeça deste engenheiro militar, à época governador de armas do Castelo de São Jorge».
Agradeço ao 'DN' esta bela foto.
Registo. Mas nada retira que no século XVII documentos que já publiquei (foto digital de um jornal de Março de 1665) refiram uma «calcetaria» no local onde hoje fica a Igreja de São Julião e que outros investigadores que não Marina Almeida tenham referido a existência de «calçada» (não de «desenho») na época do ouro do Brasil.

2 comentários:

José Carlos Mendes disse...

Transcrevo só este pedaço de investigação:

“Gil Vicente (1465? - 1537?) corrobora com esta descrição: «Lisboa era uma cidade movimentada e colorida, onde a riqueza se ostentava, vendo-se o Tejo coalhado de navios de diversas nações, que vinham trazer e levar os produtos da Europa e do Oriente».
(…) «O rei quando saía do paço, fazia-se acompanhar por um cortejo asiático, cuja frente vinha a ganga, rinoceronte da África, seguido de cinco elefantes recamados de xairéis de brocado e do cavalo persa com o caçador e a onça; em seguida apareciam o rei e a corte, a cavalo, seguidos pelas bandas de atabales e clarins.»
Tanto fausto e grandeza na cidade de Lisboa merecia um piso imponente que proporcionasse ligações terrestres mais cómodas e rápidas, dado que Lisboa passou a ser o eixo comercial da Europa, destronando a velha Veneza. Tentando suprir esta lacuna, o soberano lançou determinação régia e da natureza do bem comum, um imposto que deveria ser cobrado pelo Senado de Lisboa que começou a cobrar e administrar uma renda pelos carros que carroceiam na cidade, aplicando-a exclusivamente nas calçadas que os carros desconjuntam e destroem. D. Manuel I, pela carta régia de 20 de Agosto de 1498, determinou que continuassem as obras das calçadas, pagando a cidade a mão-de-obra e dando aos proprietários de casas e a donos de carros as achegas (materiais e transportes); a nobreza e o clero não foram isentos e levantaram grande oposição a contribuir para esse serviço municipal, embora fossem os fidalgos quem mais lucravam com o arranjo das ruas. Em carta régia de 8 de Maio de 1500, D. Manuel aprova a despesa orçada para o calcetamento da Rua Nova Grande dos Mercadores, devendo empregar-se nessa obra pedra do Porto porque a outra dana-se na maneira que vedes, sendo os trabalhos da calçada pagos a cinquenta reis por braço.
Burgueses endinheirados, clero e nobres e familiares do Santo Ofício apresentaram variadíssimas razões para não pagarem, argumentando que eram servidores do Rei ou de Deus; perdeu o ortelão d’el rei que nem por morar nos Paços da Ribeira deixou de pagar o escota.
D. Manuel discordou de tantas e hábeis desculpas e por alvará de 26 de Agosto de 1515 manda a Câmara de Lisboa proceder contra as pessoas que fugissem de contribuir para o ladrilho da Rua Nova dos Mercadores assim como outras vias afluentes ao Paço da Ribeira que trazia em construção.”

Cremilde De La Rosa Raposo Colaço Barreiros

in ‘Fozibercalcada’ (blog):

http://fozibercalcada1.no.sapo.pt/

Anónimo disse...

Refira-se alias que a ideia do Governador do Castelo serviu para "ocuoar" os detidos do presidio que ali funcionava. Uma ideia quem sabe a copiar hoje.