terça-feira, março 20, 2007

Lisboa, Feira Popular


Bragaparques, demolições e parque de estacionamento

Já deram uma espreitadela para dentro da Feira Popular? Eu, já. Aquilo neste momento parece uma daquelas zonas de Bagdad. Garanto que estas demolições são legais? Não. Garanto que as instalações ameaçavam ruína? Não. Isso agora interessa? Interessa. Para que é que isso agora interessa? Para nada…
Tenho é a certeza de que a Bragaparques quer para já ali um parque de estacionamento legalizado. Leio a confirmação no ‘DN’: «"Não existe qualquer licença para serem iniciadas as obras do projecto previsto para aquela zona da cidade", disse Hernâni Portovedro a 2 de Março. O responsável afirmou que "não só não há ainda nenhum projecto, como não deu entrada qualquer pedido nesse sentido nos serviços camarários competentes", frisando que o único projecto que existe é do parque de estacionamento provisório».
Mais: «Fonte do gabinete do Urbanismo da Câmara confirmou à Lusa que "deu entrada um pedido de licenciamento" para a instalação de um parque provisório naquele local».
Leio também no ‘Público’: «O director-geral da Bragaparques, Hernâni Portovedro, tinha dito no início do mês que a câmara autorizara a demolição dos edifícios da antiga Feira Popular, iniciadas a 15 de Janeiro, com vista à construção de um estacionamento provisório que a empresa ali quer instalar. Segundo este responsável, a autorização da da visava apenas as demolições, sendo ainda necessária uma licença para a construção do parque de meio milhar de lugares, destinado, sobretudo, ao estacionamento de longa duração».

1 comentário:

Anónimo disse...

Defendi sempre que pude a manutenção da Feira Popular no local onde se encontrava, como defendo sempre a manutenção de todas as actividades dentro da cidade, caso contrário Lisboa passará rapidamente de uma coisa moribunda a um cadáver embalsamado. A decisão foi diversa, como diversa foi a opinião das oposições, que ali prefeririam, com toda a certeza, uma extensão do jardim do Campo Grande, com uma ciclovia e um centro de interpretação ou de valorização do artesanato. Mas as cidades são mesmo assim (e é por isso que são cidades e não outra coisa só aparentemente parecida), têm a capacidade de se renovar, de substituir as coisas que num determinado momento perdem sentido por outras que então o ganham. A Feira Popular é um óptimo exemplo, não com esta que agora se apaga, mas com a outra que foi substituída pela Gulbenkian (caso bem mais pacífico[hoje] porque tem o jardim mais usado de Lisboa [será muito engraçado pensar nas causas que o determinam - como pista sugiro uma meditação inicial sobre os jardins de Paris]). Com isso ganhámos todos, com esta é cedo para o dizer.
De qualquer modo parece-me de longe mais apropriado ter um parque de estacionamento de grande capacidade numa entrada da cidade [e desculpem-me mas o limite da cidade é mesmo ali: o que se passa para lá já não é cidade, é outra coisa, chama-se agora "o urbano", pois parece que quem se ocupa, com ciência, destas coisas descobriu finalmente a diferença e decidiu nomeá-la] e ainda por cima junto a uma entrada de metro, do que ficar com um gigantesco quarteirão murado expectante por mais alguns anos.