sexta-feira, abril 22, 2005

Jornal das 11 / dia 22 de Abril

«Uma belíssima escolha»

Volto atrás. Limito-me a transcrever Miguel Sousa Tavares do ‘Dário Económico’ que reproduz o que ele disse na TVI, como aqui referi anteontem:
«Acho que esta é uma belíssima escolha. O Ruben de Carvalho tem uma das coisas de que eu gosto e que são raras na política, que é o sentido de humor».
«Acho que o PCP fez uma belíssima escolha».

Cada cabeça, sua sentença

Dos mesmos factos – o resultado da reunião PS-PCP com vista à eventual coligação de esquerda em Lisboa – cada órgão concluiu o que pôde.
Eis alguns casos:
Rádio Renascença: «Sem acordo por Lisboa».
Diário de Notícias: «Perto de um acordo».
Independente: «Fumo branco em Lisboa. PS e PCP deverão chegar a acordo na próxima semana».

Público: «Sem acordo».
Jornal de Notícias: «Ainda não chegaram a acordo».
Correio da Manhã: «Acordo volta a falhar».
SIC: «PS e PCP continuam sem acordo para a CML».
Lusa: «Sem acordo»
Portugal Diário: «Carrilho sem PCP perde em Lisboa».

‘Logo’

O PS já pôs na rua o logótipo da campanha de Carrilho.

Santana

Se Santana não serve para Lisboa, como o hão-de convencer a aceitar Sintra? Parece que não o conhecem. Não se livram dele tão facilmente. Aliás, já prometeu que o «vou andar por aí» também incluía um «vou cumprir até ao fim» o mandato em Lisboa, ou seja: «vou tapar a campanha do outro». Claríssimo. Carmona não vai mesmo brilhar nesta recta final – só se for na Universidade Nova, nas aulas… E sei que os santanistas ainda vão deixar escapar «coisas» para a oposição. Matéria não lhes falta, como começaremos a ver, já dentro de semanas.
Agora é a matar. Esperem-lhe pela pancada.
Helena Lopes da Costa não perdoa. Os vereadores do PSD estão apardalados. Helena Lopes da Costa: «Estamos estupefactos e muito apreensivos». Pedro Pinto deve estar ainda mais.

Será mesmo verdade?

Dizem-me duas coisas que até tenho medo de escrever, não vá eu estar a embarcar nalguma fraude. Mas asseguram-me que é verdade. E quem me informa nunca me mentiu... Então, aí vai: primeiro: os carros da CML não são lavados porque não há dinheiro para comprar consumíveis (já poderemos ter chegado aqui?); segundo: se, até ao dia 29 de Abril, a CML não pagar à(s) empresa(s) de aluguer a quem se requisitaram as viaturas que estão ao serviço do município em regime de ALD e «leasing», sertã tudo recolhido: vêm buscá-las!
Bolas, onde isto já chegou.

Registo

Guterres

Vai ser escolhido pelo secretário-geral, Kofi Annan, o novo Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Serão oito os eventuais elegíveis para o cargo. Guterres é um deles. Já prestou provas, perante altos funcionários da ONU. Pode a partir de agora ser incluído na pequena lista de candidatos. Na próxima semana ou na seguinte se saberá. Quem escolhe é Kofi Annan.
Mas a questão é outra, aqui.
Imagine-se o provável: Guterres é preterido por várias «razões», por muitas «questões» e por alguns «aspectos» – como diriam os tipos do «Gato Fedorento».
Com que cara aceitaria candidatar-se à Presidência da República em Janeiro próximo? Como poderia vir fazer campanha contra Cavaco depois de derrotado num cargo técnico-político internacional? Como justificaria o PS a sua escolha? O que não diriam dele, não Cavaco, que adoptaria uma postura de «gentleman», mas os seus apoiantes, como por exemplo Deus Pinheiro e outros «men» da candidatura Cavaco?
Seria uma campanha difícil. Uma campanha coxa. Para perder. Seria dar o ouro ao «bandido». Seria partir derrotado.
E nem o PS nem Guterres o fariam, pois não?
Então por que é que da parte do PS não há nem um só movimento para «deixar escapar» outro nome? Por que será que anda tudo tão calado?
Só vejo uma explicação: é que, sem o poder confessar, Sócrates deseja Cavaco.
Porquê?
Muitas razões secretas, inconfessadas.
Bipolarização do poder. Equilíbrio. Apaziguar o «povo do PSD». Mais um mandato no governo….
Coisas dessas, que nada têm a ver com a Presidência da República… Falaremos dentro de uns meses.

Nota muito pessoal

Faz hoje 31 anos, estava em Cabinda de oficial-de-dia ao aquartelamento… Os 400 e tal soldados chamavam-me «o alferes bandalheira», para meu grande orgulho, pelo que isso significava: desalinhamento em relação aos «chicos», como então chamávamos aos sargentos e oficiais do Quadro que manifestassem tendências nazis, defesa dos soldados contra esses, recusa da disciplina militar desbragada e deslocada ali, no meio da floresta sub-tropical, a mata do Maiombe(!).
Faz hoje 31 anos, faltavam três dias para o que não sabia então mas adivinhava porque tinha cá estado de férias aquando da tentativa das Caldas (16 de Março, juventude…). E porque os amigos do «Notícias da Amadora» me foram informando…

… Até terça-feira, 26, dia em que, pelas 18 horas, fará 31 anos que lá, no Bata-Sano, Buço Zau, Cabinda, floresta virgem do Maiombe, soubemos pelo programa de rádio do MPLA na rádio nacional do Congo Brazzaville: tinha havido uma Revolução em Portugal. Nessa tarde não soube que era a dos Cravos. Só o soubemos em Junho, depois de desanuviados os primeiros equívocos…