terça-feira, abril 26, 2005

Jornal das 11 / dia 26 de Abril

Tribunal dá razão ao PCP
Loteamento em Alcântara sem plano de pormenor é ilegal

Está escrito: a Procuradora que estudou a queixa do PCP relativa aos loteamentos de Alcântara/Pingo Doce e outros considera-os ilegais por não terem sido precedidos de plano de urbanização. Devem ser anulados, defende a magistrada. O processo transita agora para o Tribunal Administrativo de Lisboa.

Ruben

Do ‘Expresso’ de sábado passado: «O PCP dá uma inegável prova de força ao lançar na corrida um nome de peso como Ruben de Carvalho». E mais adiante: «O PS (espera) eventuais entendimentos pós-eleitorais com o PCP, em caso de vitória do PS sem maioria absoluta». Escreveram: Ângela Silva e Cristina Figueiredo.

A carta do PS

Estive quase a fazer uma edição especial no sábado. Mas a informação esteve no ar durante todo o fim-de-semana: o PS enviou ao PCP uma carta verdadeiramente surpreendente, vinda de quem diz que quer «negociar» e destinada a quem já tinha colocado as suas fronteiras de acordo. Mais valia que o PS tivesse aguardado pela nova ronda negocial, se de facto desejava tanto a coligação. Naqueles termos, tipo cheque em branco, para a eleição de uma câmara «de um homem só», foi um cheque-mate nas negociações.
Tenho a esperança de que ainda possa aqui divulgar o conteúdo dessa carta. Valia a pena.

Os ‘outdoors’ do PS

«Entretanto», como escreve o Expresso, na noite da ruptura foram colocados ‘outdoors’ do PS/Carrilho na Cidade. Será possível usar tanta má fé negocial? Imagine-se que não havia ruptura. Estariam agora marcadas outras reuniões e já estaria na rua o símbolo do PS, o ‘slogan’ e o ‘logotipo’ do que mais tarde poderia vir a ser uma coligação. Repito: com o símbolo do PS. Repito: com o ‘slogan’ da total responsabilidade do PS…
Isto já nem é um caso de «hegemonia», como sublinhou Jerónimo de Sousa. É um caso de pura arrogância política. Pior: um caso da mais detestável inconveniência, só comparável à afirmação de Francisco Assis no Porto: «O PS tem capacidade para ter maioria absoluta sozinho. Mas por generosidade convidámos outras forças».
Em Lisboa, a mesma deslocada indelicadeza, pelo menos.
A direcção do PS/Lisboa não quererá vir agora dizer que estava tudo pronto mas que se as negociações continuassem deitava tudo fora? Ou o PS vem dizer que fez os ‘outdoors’ nessa noite? Então a mim, que mando fazer disso há «milhares» de anos…
Números sobre a Cidade

Mão amiga fez-me chegar alguns dados de uma análise estatística que merece toda a atenção:

«Verifica-se que em 20 anos (de 1981 a 2001), nos concelhos da 1.ª coroa envolvente de Lisboa, a população cresceu 325.989 habitantes enquanto Lisboa cidade perdia 251.140 habitantes.
Na Área Metropolitana de Lisboa, em todos os concelhos salvo o Barreiro, a população, em números absolutos, é em 2001 superior à de 1981.
Paralelamente, à Cidade aflui diariamente mais de outro tanto da sua população.
O número de veículos por dia, nos dois sentidos, nos corredores de acesso à cidade (Ponte 25 de Abril, Ponte Vasco da Gama, Auto-estrada do Norte, Auto-estrada do Oeste, Amadora e Cascais) é de 684.000 veículos (valores de 2001).
Verifica-se também que o número de veículos em 1991 foi de 420.000, representando em 10 anos um crescimento de 62,85%.
Se a estes valores acrescentarmos o número de movimentos diários em transportes ferroviários (256.800), fluviais (86.000 passageiros), e o número de utentes transportados em transportes rodoviários de passageiros (5534 serviços de entradas e saídas de veículos, nas principais interfaces), temos a percepção da actual situação;
Em contrapartida, a população de Lisboa continua a decrescer.
Entre 1991 e 2001 só se verificou um saldo positivo nas freguesias de Charneca, Lumiar, Carnide e, na zona central, só na Freguesia da Encarnação, no Bairro Alto.
Toda a área da cidade de Lisboa delimitada pela 1.ª circular tem fogos devolutos ou desocupados em percentagens altamente significativas e preocupantes. É a cidade consolidada, que para além disso, tem de 30% a 39% de população com mais de 65 anos».

Santana

«Ajudo mas não faço campanha», disse Santana. Os seus vereadores: «Não faremos campanha».
Pedro Pinto: «Quando Santana Lopes estava em São Bento e Carmona na CML, era a Santana que eu telefonava quando tinha problemas e coisas importantes a resolver».
Coitado de Carmona. Como se sentirá? Traído? Não: aliviado. Assim, será Santana que carregará com as culpas todas. Mas vamos ver e não foi assim. A pré-campanha vai mostrar que as culpas são quase todas de Carmona.

Agora que estas afirmações são prova de desprezo e de falta de respeito, isso sem dúvida.
Tenho cá para mim que vai correr bem para a Cidade este última meio ano do mandato de Santana: não precisa de 'armazenar' para as despesas; não precisa de folclore para ter votos; não precisa de grandes obras de último fôlego; e, sobretudo, precisa de vingança.
Vai ser útil para a Cidade, este complexo cruzado de 'impedâncias'.