terça-feira, agosto 14, 2007

Acordo PS-BE: blog ligado ao PS reage a Louçã

«Na encruzilhada

O dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã prevê "grandes confrontos" entre Sá Fernandes e o PS na câmara de Lisboa, no âmbito do acordo com os socialistas, que considerou um contributo para "uma viragem" política.

Os dois sublinhados (entre aspas) são esclarecedores quanto à postura do BE, entre querer assumir responsabilidades ou continuar a ser uma força de mera contestação sem qualquer proposta e atitude responsáveis.
O BE há algum tempo que vai demonstrando dificuldades de maturação, como nenhum outro grupo parlamentar.
Com 10 anos de existência praticamente completos, o fulgor inicial do Bloco começa a esgotar-se. Na encruzilhada entre o crescimento, e assunção de responsabilidades, ou a permanência numa atitude irreverente, que já não cativa como há alguns anos, pelo próprio esbatimento das propostas com o passar o tempo, o BE encontra-se presentemente na encruzilhada.
Percebe-se que o partido quer ficar fiel ao princípio que o fez surgir, o entendimento entre diversas correntes de esquerda que não são de todo coadunáveis. Porém, à medida que se alargou a base de apoio e o número de votos aumentou, a questão do poder começou a tomar conta dos interesses bloquistas. Já há lugares em disputa, seja no Parlamento nacional ou europeu e, agora, pela primeira vez, o exercício do poder na Câmara de Lisboa (o caso de Salvaterra é excepcional, dada a mudança de cores políticas da Presidente da autarquia; caso não tivesse mudado do PCP para o BE o Bloco não teria nenhuma presidência de Câmara).
O BE cresceu e já tem o desiderato de qualquer partido: continuar a obter mais votos. Mas, para este objectivo é necessário apresentar propostas, não só que colham apoio daqueles que já votaram BE, mas também de conquistar novo eleitorado. E aqui reside o problema, perder a atitude contestatária ou assumir responsabilidades. Perde-se num lado e ganha-se noutro. Até que ponto este perder e ganhar eleitorado traz mais benefícios ou perdas? Eis a questão!
Sou dos que pensa que o BE está condenado a esfumar-se a médio prazo, pois o partido mais do que dependente da sigla, que não tem implantação nacional, como têm os quatro partidos fundadores da democracia portuguesa, depende de um conjunto de personalidades que mais cedo ou mais tarde desaparecerão de cena, pois além de estarem há muito na ribalta, e hoje não têm a mesma frescura e atracção de outros tempos, pela novidade que causavam, a renovação do BE não tem tido lugar. O BE, para todos os efeitos, mais do que um partido, é um conjunto de rostos conhecidos e quando estes saírem é o vazio que tomará lugar na mais recente formação com assento parlamentar.
Por isso, agora, ao Bloco resta optar, pela tentativa de querer assumir responsabilidades, e isso descaracterizará a genética da formação, ou manter-se fiel à contestação, que pode colher apoios durante algum tempo, mas não dá à sua base de apoio qualquer garantia de melhoria dos seus interesses políticos, sociais, económicos e culturais.
Além de que, em Lisboa, o rosto do Bloco na Câmara é independente. Mais uma dificuldade acrescida!
CMC»
Tugir

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