Os barbeiros de hoje são diferentes…
O tempo não está grande coisa, embora a praia me atraia sempre. E está-se bem na areia. Mas, hoje decidi. Teve de ser. Detesto este dia: ter de ir cortar o cabelo.
Entro.
É a primeira vez, aqui.
Como é que vai ser?
Correu bem. Mas começou mal.
Senti-me mercadoria. Delicadamente tratado, mas mercadoria:
- Pode sentar-se ali?
Espero. Espero. Saco de uma revista (sei lá, a «Olá» de há uns três meses, já sem capa: tudo o resto eram revista da especialidade: cortes para senhoras, tintas, enrolamentos… Pego na «Olá»). Li-a toda. Que tempos à espera.
E começo a ferver. Nasce aí a ideia de mercadoria.
Às tantas, por fim:
- Pode sentar-se ali para lavar o cabelo?
Sentei-me. Esperei. Muito.
Lá começou então função.
Corte quase pronto.
- Pode sentar-se além para enxaguar a cabeça?
Sento-me. Espero. Vem outra pessoa e lava-me a cabeça, de facto.
E o resto correu mais ou menos.
No regresso, uma memória de recordação: as idas ao ti’ Narciso, o barbeiro.
Era mesmo outro mundo…
Mas aí, uma recordação traumática: o mesmo ti’ Narciso também me arrancava os dentes – a sangue frio. Que horror, meus amigos.
Só me lembro bem da bacia de esmalte cheia de água com sangue (meu)…
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