Caetano!
Anda no carro há semanas a rodar o «Haiti» do Caetano Veloso. Uma coisa do outro mundo. Chamo-lhe, para consumo só meu até hoje (nunca o tinha sequer escrito), chamo-lhe um «rap sambado». Não sei se é nem me interessa. Para mim, é.
O poema é fortíssimo. Ele fez isto com o Gilberto Gil, claro. Começa assim e por aqui vê logo a força da coisa:
«Quando você for convidado pra subir no adro
Da Fundação Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos, pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados».
Tem a letra aqui:
http://www.caetanoveloso.com.br/sec_busca_obra.php?language=pt_BR&page=1&id=100&f_busca=quase%20preto
E aqui tem tudo: a letra e o som também deste CD Tropicália 2, de 1993:
http://www.caetanoveloso.com.br/sec_discogra_view.php?language=pt_BR&id=29
3 comentários:
Maravilha de poema. Já tinha ouvido, mas nunca tinha chegado à letra assim, linha a linha.
Obrigada.
Agora sobre Lisboa: sabe explicar que história é aquela da Alves Ribeiro, do Fontão e do Marques Mendes e P. Teixeira da Cruz que está «afixada» no blog do chamado «Politicopata»?
Agradecia mesmo! Está uma confusão, mas fui aos sites que eles indicam e está lá tudo, de facto: o Fontão é genro do sr. Alves Ribeiro, que tem negócios duros com a CML? E pode? E pode?
Olha lá o mensalão de Lisboa!
Ajuda-me a perceber?
Acho que posso ajudar.
Distingo o «post» de que fala dos «comentários» ao mesmo. Neste, mistura-se uma série de sentimentos pró e anti Santana Lopes, ficando-me sempre a sensação de utilitarismo da política, que me desgosta... Mas cada um é como é.
Agora, no que toca à questão central do «post» (o vice-presidente da CML ser genro de uma empresa que tem negócios com a mesma CML):
Umas pequenas notas para assunto tão sério:
1. Já se sabia e já estava assinaldo esse facto em vários blogs desde há muito tempo.
2. Do ponto de vista legal, nada obsta, desde que Fontão de Carvalho não vote nesses casos (e não tem votado).
3. Do ponto de vista político, a questão é diferente: pode e deve discutir-se se esta situação é sustentável. Sobretudo se houver alguma discriminação positiva (foi assinalado há tempos que a Alves Ribeiro não terá problemas de pagamentos em atraso etc.. Questão tanto mais séria quanto é certo que muitos forncedores até já deram sinais públicos de descontentamento nesta matéria. E mais: sobretudo quando está envolvido o próprio vereador das Finanças)...
4. Mas também é discutível o que se poderá passar nos bastidores desta «relação comercial».
5. No entanto, estas são questões mais próximas da moral e da política do que do Direito, acho eu.
Uma palavra final: oiça agora mesmo a música «Haiti». Faz-nos bem...
Emendo: «... ser genro do dono»...
Claro.
Sorry.
É a velocidade dos dedos que não acompanha a do cérebro, como sempre.
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