sexta-feira, agosto 25, 2006

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A aldeia nos anos 50
Os jogos dos putos

Quando era pequeno, a que jogávamos nós? Ponho-me a olhar para trás. As imagens são muito claras, mas não muito diversificadas.

Eis dois ou três exemplos de jogos masculinos:

Futebol

A loucura. Podia andar seis ou sete horas seguidas a jogar com a malta. Qual comer, qual quê? Sempre a abrir.

O arco

Esse era um desporto bem popular: uma roda feita de arame bem redondinha é o arco e uma gancha para impulsionar o arco – e já está.... Correr com aquele «zingarelho», o mais rápido possível: era esse o objectivo.

Esconde-esconde

Não tinha nada que saber: um de nós, à vez e conforme o resultado do jogo anterior, punha-se de «pivot», cabeça baixa sobre uma esquina de casa ou um banco do Terreiro de São Francisco. Dava o grito de guerra e os outros, ala que se faz tarde: toca a esconder por ali. Uns segundos para a operação de esconder. O «pivot» desatava logo à procura e ganhava quando os encontrasse todos… Às vezes andava horas seguidas nisto, ali, num olival ao pé de casa!

À brocha

(Leia: «À brôtcha»)
Um coloca-se de cara escondida e de mão no rabo (palma para cima, de modo a poder ser massacrada). Os outros, um deles e só um de cada vez, vão-lhe mandando uma palmada a sério. Aleijava mesmo. Tratava-se de descobrir quem é que tinha batido, por entre os risinhos mal contidos, tanto mais fungados quanto mais dura tinha sido a palmada. Mas em geral era jogado em silêncio: para camuflar o autor da palmada…

Dos jogos femininos, lembro destes três exemplos:

A cantarinha

As miúdas punham-se todas em fila, de costas umas para as outras e iam atirando para a parceira de trás um vaso (uma ca
ntarinha: um pequeno cântaro de barro – já nem sei se com ou sem água. Mas sei que, sendo de barro, era naturalmente um objecto muito frágil que não aguentava a queda – se a houvesse…).

O anel

Põem-se todas numa roda, mas viradas para dentro. Estendem as mãos em concha. Uma vai andando por dentro, com o anel nas mãos justapostas e passa com as suas mãos por dentro das mãos de cada uma. Num par de mãos deixou o anel. Pára. Pergunta a uma ao acaso: «Onde está o anel». Acerta, vai ela para o centro. Não acerta: a outra continua.

O lenço

Muito semelhante ao jogo do anel. Mas a que tem o lenço nas mãos e o vai deixar circula por fora da roda e deixa-o aos pés de uma. O resto é igual.

Na altura, isto divertia-nos. Pelo menos não nos lembramos de andarmos chateados. Até por falta de termo de comparação.
É hoje que, ao olhar para trás, isto me parece uma grande pasmaceira… Mas isso é agora, com as consolas, e toda esta parafernália…
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