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Nos «idos» de 50
Como é que as nossas mães ocupavam os seus tempos de «ócio»?
Antes de mais: falar de «ócios» para uma mulher casada nos anos 50 na aldeia é uma espécie de piada de mau gosto. Havia sempre que fazer.
Passajar umas meias.
Limpar a casa várias vezes ao dia, porque os marmanjos estavam sempre a sujar tudo.
Preparar a comida do «vivo» (os animais): comida aquecida ao lume (lareira), na maior parte dos casos e que em boa medida estava a cargo das mulheres. A expressão era exactamente esta: «Andei a tratar do vivo».
Preparar as cinco ou mesmo seis refeições do dia:
- almoço – às seis ou sete da manhã;
- c’ravelo (penso que se deve dizer caravelo - ?) – às dez horas;
- jantar – ao meio-dia, mais ou menos;
- merenda – pelas quatro ou quatro e meia;
- ceia – às nove no Verão e às sete e meia ou oito no Inverno.
Depois disto tudo, que tempo havia de restar às mulheres da aldeia que se possam mesmo dizer «tempos de ócio»?
Mas os poucos «momentos de ócio», isto é, quando as ocupações obrigatórias deixavam algum tempo «livre», eram passados ainda assim a trabalhar – assim diríamos hoje: passavam esse tempo a fazer meia com cinco agulhas (anos 50), a fazer malha com duas agulhas, a fazer renda (mais tarde, nos anos 60)…
Ou seja: mesmo nesses momentos, o resultado era para uso da família: as meias, as camisolas, as garruços (gorros) para a miudagem…
Mas quase nem se pode falar de desigualdade de sexos: é que a vida dos homens também era duríssima. Embora sejam os reis da casa: estivesse-se a fazer o que quer que fosse, chegava o homem da casa, parava tudo e andava tudo à roda dele… Eles trabalhavam que se fartavam. Mas elas não trabalhavam menos, verdade se diga…
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