Lisboa
Opinião de Jerónimo de Sousa
Em entrevista ao «DN»:
«Qual deve ser o caminho para resolver a crise na Câmara de Lisboa?
Há que reconhecer que é uma situação excepcional, das piores dos últimos vinte anos, com todas as consequências e prejuízos decorrentes para a população. De qualquer forma, pensamos que a realização de eleições intercalares levanta um problema: não existirão eleições para a assembleia municipal nem assembleias de freguesia, apenas para o executivo camarário, o que condiciona a resolução dos problemas. Nesse sentido, tenho uma opinião: eleições intercalares pode ser uma saída, mas não é a solução. A questão central tem que ver com políticas de fundo. A situação actual não é saudável, é preciso um executivo que altere as políticas, que evite as situações que estão na ordem do dia. Que pena foi que no caso Bragaparques o PCP não tivesse sido ouvido.
A oposição pode forçar a realização de eleições...
Intercalares e apenas para o executivo, não para a assembleia municipal, que manteria a maioria de direita.
A oposição não pode ser considerada co-responsável pelo que acontece, ao permitir a continuação do executivo?
As coisas não devem ser invertidas, a primeira responsabilidade é do PSD.
O que falta ao PSD para tomar essa decisão?
O amarramento da actual direcção à vereação do PSD é uma realidade incontornável. A haver evolução, é decisiva a decisão do PSD.
Se houver eleições, há condições para coligação entre PS e PCP? E o BE?
Cada coisa a seu tempo. O processo está a decorrer, não há nenhuma negociação. Há uma tendência e apetência para se discutir questões de poder e poucos projectos para a cidade. O primeiro obstáculo é que se olharmos para as medidas estruturantes tomadas pela câmara verificamos que o PS esteve nessas medidas com o seu voto favorável. E isto retira credibilidade para uma solução à esquerda, de coligação. Se juntarmos ainda a situação nacional, e a política do PS... O PCP colocará com muita força a questão de políticas alternativas e simultaneamente saber se o PS tem a credibilidade necessária para ser alternativa.
Em Lisboa há maior proximidade de políticas entre PCP e BE?
Nem sempre nem nunca. O BE tem encontrado um estilo de intervenção aparentemente radical. Não basta ser do contra. Que projecto tem o BE para a cidade de Lisboa? Esta é uma grande interrogação que tenho.
Se houver eleições o PCP aceita estar em pé de igualdade com o BE?
O que impediu um entendimento em 2005 foi a concepção hegemónica do PS, que queria ficar com a presidência da câmara e com a maioria absoluta na vereação, assembleia municipal e assembleias de freguesia. Não se tratou de discutir o Bloco.
Foi mais fácil o PCP entender-se em 89 com o PS de Jorge Sampaio do que seria agora entender-se com o PS de José Sócrates?
Não sei se é mais difícil, a questão não é essa. É saber o que o PS propõe, e no tempo de Jorge Sampaio houve campo de negociação aberto.»
Opinião de Jerónimo de Sousa
Em entrevista ao «DN»:
«Qual deve ser o caminho para resolver a crise na Câmara de Lisboa?
Há que reconhecer que é uma situação excepcional, das piores dos últimos vinte anos, com todas as consequências e prejuízos decorrentes para a população. De qualquer forma, pensamos que a realização de eleições intercalares levanta um problema: não existirão eleições para a assembleia municipal nem assembleias de freguesia, apenas para o executivo camarário, o que condiciona a resolução dos problemas. Nesse sentido, tenho uma opinião: eleições intercalares pode ser uma saída, mas não é a solução. A questão central tem que ver com políticas de fundo. A situação actual não é saudável, é preciso um executivo que altere as políticas, que evite as situações que estão na ordem do dia. Que pena foi que no caso Bragaparques o PCP não tivesse sido ouvido.
A oposição pode forçar a realização de eleições...
Intercalares e apenas para o executivo, não para a assembleia municipal, que manteria a maioria de direita.
A oposição não pode ser considerada co-responsável pelo que acontece, ao permitir a continuação do executivo?
As coisas não devem ser invertidas, a primeira responsabilidade é do PSD.
O que falta ao PSD para tomar essa decisão?
O amarramento da actual direcção à vereação do PSD é uma realidade incontornável. A haver evolução, é decisiva a decisão do PSD.
Se houver eleições, há condições para coligação entre PS e PCP? E o BE?
Cada coisa a seu tempo. O processo está a decorrer, não há nenhuma negociação. Há uma tendência e apetência para se discutir questões de poder e poucos projectos para a cidade. O primeiro obstáculo é que se olharmos para as medidas estruturantes tomadas pela câmara verificamos que o PS esteve nessas medidas com o seu voto favorável. E isto retira credibilidade para uma solução à esquerda, de coligação. Se juntarmos ainda a situação nacional, e a política do PS... O PCP colocará com muita força a questão de políticas alternativas e simultaneamente saber se o PS tem a credibilidade necessária para ser alternativa.
Em Lisboa há maior proximidade de políticas entre PCP e BE?
Nem sempre nem nunca. O BE tem encontrado um estilo de intervenção aparentemente radical. Não basta ser do contra. Que projecto tem o BE para a cidade de Lisboa? Esta é uma grande interrogação que tenho.
Se houver eleições o PCP aceita estar em pé de igualdade com o BE?
O que impediu um entendimento em 2005 foi a concepção hegemónica do PS, que queria ficar com a presidência da câmara e com a maioria absoluta na vereação, assembleia municipal e assembleias de freguesia. Não se tratou de discutir o Bloco.
Foi mais fácil o PCP entender-se em 89 com o PS de Jorge Sampaio do que seria agora entender-se com o PS de José Sócrates?
Não sei se é mais difícil, a questão não é essa. É saber o que o PS propõe, e no tempo de Jorge Sampaio houve campo de negociação aberto.»
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