quinta-feira, março 10, 2005

10 de Março / Jornal das 11

Este jornal é actualizado todos os dias úteis às 11 horas da manhã.

Especulação

Há coligação de esquerda para Lisboa? Não há? Quem é o candidato? Já há acordos entre o PS e o PCP? E o BE? Ontem foi uma verdadeira dança com lobos... da notícia em primeira mão.
Há muitas formas de fazer notícias. Uma delas, que não prestigia ninguém, é a especulação, usando-a como se de coisa séria se tratasse. Perante algumas fórmulas encapotadas de especular, fico sempre incrédulo e mesmo inibido.
O problema colocou-se ontem em vários momentos. Ao longo do dia, várias pessoas tentaram ser mais rápidas do que a vida e adivinhar o futuro.
Perante afirmações sobre as candidaturas a Lisboa, e no que se refere a uma eventual coligação de esquerda, muito se tentava antecipar ontem em algumas redacções. «Cada coisa a seu tempo», disse várias vezes.
Mas não. Tinha de haver notícia.
«Faits divers», dissemos várias vezes.
Mas não. Tinha de sair alguma coisa…
Mas não havia notícia. De facto, não havia.
Bem fez Pedro Marques de «A Capital», que falou com fonte autêntica. «É pura especulação», disse Carlos Chaparro, o responsável da Organização da Cidade de Lisboa do PCP.
O que se passa é simples: o PS tem falado sobre o assunto; o PCP propôs oficialmente um encontro entre as direcções nacionais dos dois partidos. E tudo está neste pé. Mais: «Em Abril, a CDU terá o seu candidato anunciado se tal for o caso».
Tudo o resto são elucubrações, mesmo que assentes em coincidências, aparências e similares...


Candidaturas

A revista «Visão» de hoje diz duas coisas importantes nesta matéria das autárquicas: que Sócrates vai chamar a si a questão e que para o Porto se coloca a hipótese de debater em pacote coligações de esquerda para uma série de concelhos: Porto, Gaia, Gondomar e Valongo. E que Francisco Assis disse que este problema extravasa a Área Metropolitana do Porto.
Leia o que mais abaixo há dias escrevi sobre esta temática…


Vereadores do PSD

Se Santana Lopes regressar à CML, todos os vereadores do PSD o vão receber de braços abertos – sintetizou Pedro Pinto na Assembleia Municipal de terça-feira.
«Do PSD», repare-se.
Não estão incluídos nem Carmona (que nem é vereador nem do PSD: é presidente, já foi vice-presidente e é independente) nem Fontão de Carvalho (que não é do PSD mas independente eleito antes na lista da Coligação de esquerda na quota do PS). Este até já disse que tem um acordo, que é com Carmona, e que se PSL regressar, ele abandona (abandona a CML ou abandona o pelouro das Finanças? – não esclareceu).


Santana

O regresso de PSL continua a provocar as imaginações. Até já há um ‘blog’ sobre a matéria. Mas há outras imaginações: uns dizem-me que PSL regressa à CML «porque no mundo dos negócios ninguém o quer».
Dizem-me outros que «Santana já fez saber que pretende candidatar-se à CML em coligação com o CDS-PP».
Mas, digo eu, esta coligação está em contradição com as declarações do homem do CDS na actual vereação. Diz ele: «Se Santana regressar, temos de rever o acordo com o PSD».
A não ser que este vereador pertença a uma facção do CDS que não aquela com a qual Santana estaria a preparar a coligação para Lisboa. Não nos podemos esquecer de que em Outubro já a direcção do PSD será liderada por Marques Mendes.
No entanto, e apesar destes sinais, continuo a pensar que Santana Lopes vai antes recandidatar-se, sem, mas à Figueira da Foz, e isolar-se ali durante uns anos, para depois tentar novamente a sua sorte em voos mais altos.
Veremos…


Cinema Europa

Na Assembleia Municipal de terça-feira, depois da interpelação do presidente da junta de freguesia da zona, o Cinema Europa foi objecto de uma declaração da vereadora do pelouro. «Vamos propor a aquisição do Europa», disse. Ao que se sabe para estacionamentos e área cultural.
Os cidadãos da área têm-se organizado para defender o equipamento, e estão em sintonia com a junta de freguesia.
Perguntado sobre se as declarações da vereadora satisfaziam, o presidente foi claro: «Não, de forma nenhuma, para já dão algum período de intervalo porque são paradas as ameaças de demolição, mas falta saber como é que a CML vai encontrar um terreno para a permuta e assim adquirir o imóvel. Ainda não estamos tranquilos.»
Entretanto, um membro da Comissão pró-Europa informou-me de que amanhã neste jornal das 11 já teremos o texto do abaixo-assinado que vai começar a circular na Cidade.


Maria Matos

O Maria Matos fechou para obras há meses. Mas não são efectuadas. Isso incomoda e preocupa. Tem havido até alusões do género: querem mais teatros no parque Mayer mas nem sequer têm dinheiro para as obras nem do São Jorge nem do Maria Matos…
A este propósito, adorei a ironia «gatofedorentesca» de Tiago Rodrigues ontem em «A Capital». De facto, as obras no ‘Maria Matos’ não incomodam nem deixam de incomodar. Não aquecem nem arrefecem.


Protocolos

Já lá vão quase três meses deste ano e a CML ainda nem sequer começou a cumprir a sua obrigação de entregar às juntas de freguesia da Cidade as verbas decorrentes dos Protocolos que assinou com elas. São documentos contratuais em que uma das partes (junta) desempenha tarefas que competem à outra (câmara), mediante a contrapartida de a CML pagar determinadas quantias.
Ao cumprirem os protocolos, as juntas têm de pagar determinados serviços que lhes são prestados por terceiros… Mas, este ano, as verbas da CML ainda nem sequer começaram a chegar aos cofres das juntas, «o que começa a trazer sérias preocupações».
Fernando Saraiva, da JF de Benfica, disse que a sua junta está asfixiada e que em Abril já não poderá cumprir.
Joaquim Cunha, presidente da JF do Beato, levou o problema à última Assembleia Municipal: «os protocolos obrigam ao pagamento de encargos mensais, já que envolvem honorários de pessoal. Ora os sucessivos atraso na transferência das verbas por parte da CML obram a que as juntas de freguesia assumam despesas mensalmente sem serem ressarcidas desses valores durante vários meses».

Dois simples exemplos: ao Beato, a dívida já ronda os 18o mil euros. A São João já vai nos 200 mil. Não pode haver orçamento de junta de freguesia que se aguente com estes saldos negativos, evidentemente.
Pedro Pinto comprometeu-se a resolver o problema ainda em Março.