sexta-feira, março 11, 2005

Dia 11 de Março / Jornal das 11

Sondagens, já?

Há eleições autárquicas em Outubro. Há quem já esteja a afirmar que o PS tem sondagens para Lisboa que lhe permitem concluir que pode ganhar a CML sozinho.
Acredito.
Mas há aqui vários raciocínios deficitários.
Se não, vejamos.
Claro que uma sondagem para as autárquicas, feita à boca das urnas das legislativas, não tem grande valor. E menos ainda quando as legislativas foram disputadas no quadro em que estas o foram.
Mais: claro que o PS beneficiou em 20 de Fevereiro de uma enorme repugnância de milhões de pessoas contra o que se estava a passar no governo.
Claro também que o governo PS ainda nem começou a governar, e que, portanto, o seu estado de graça por enquanto se mantém no auge.
Mas vêm aí os tempos do real.
A expectativa dos portugueses é maior do que já alguma vez foi.
Cada medida de cada ministro em cada dia vai ser passada a pente fino.
Vão começar as dificuldades, as opções que, se agradam a gregos, não agradam a troianos e muitas delas não vão agradar nem a gregos nem a troianos…
E então, sim, podemos começar a acreditar em sondagens.
Mas há mais.
Qualquer sondagem feita agora é coxa. Porque do outro lado da barricada, do lado do PSD, não está ninguém.
Quem, no PSD, poderia ser hoje o adversário deste PS angelical saído dos 45% das urnas?
Mas dêem-lhe tempo. O PSD vai-se reorganizar. Vai apresentar um candidato que para o seu eleitorado seja fiável.
E então, sim, vale a pena fazer a sondagem.
Nessa altura, já não haverá a actual ilusão de «sozinho no ringue» – um perigoso síndroma de que o PS já deu provas de sofrer, noutro quadro, em Outubro/Dezembro de 2001, com os resultados desastrosos que se conhecem.
Aquilo foi arrogância pura.
Ora, quem é que ainda agora falava de humildade democrática, mal tinha passado o 20 de Fevereiro?


Tabu tridimensional

Sabido que Carmona afinal aceita ficar como vice-presidente de Santana Lopes, eis que fica a vigorar em Lisboa um triplo tabu:
1. Santana vai ficar com algum pelouro, ele que, na altura em que Carmona esteve no governo, chegou a acumular 12 (doze!) pelouros?
2. Santana fica até quando?
3. Carmona aguenta até ao final do mandato?
Na CML fazem-se apostas. A maioria responde de forma simples: Santana não fica com pelouros, Carmona não fica mais de um mês, Santana vai concorrer à Figueira da Foz.
Simples.
Mas, se assim fosse, isso significava que Pedro Pinto seria o presidente da CML para fechar o ciclo e que Helena Lopes da Costa subiria, agora sim, a vice.
E no meio de tudo isso, o que seria feito do CDS-PP, que já põe em causa manter o acordo com Santana e sem Carmona, se tal for o caso?


Obras Públicas, Transportes e Comunicações

Amanhã toma posse o novo ministro desta pasta. Na Cidade de Lisboa, esperam-no trabalhos de Hércules. Dele se espera que tome posição e faça uma gestão mais correcta de ‘dossiers’ como os seguintes (só para dar alguns exemplos):
1. Entradas em Lisboa (Calçada de Carriche, Algés, confusão da Parque Expo para quem vem de Sacavém).
2. Pontes, viadutos e similares (resistência, manutenção, fiabilidade).
3. Túnel do Metro no Terreiro do Paço – isso conjugado com a vergonha de aterro que ali permanece por incapacidade da CML.
4. Parque habitacional.
5. Edifícios públicos em situação lastimável, que são mato.
6. Questão do Túnel do Marquês/cruzamento perigoso com as galerias do Metro.
Problemas de uma Carris descapitalizada, decrépita, que não cumpre a sua tarefa e que corta carreiras onde são necessárias e deixa moradores idosos e outros sem qualquer alternativa
7. Nova travessia do Tejo: sim ou não? E onde?
8. Aeroporto da Ota – sim ou não? E os ‘lobbies’?
9. Cidade Administrativa: sim ou não?
10. TGV a passar por aqui?
11. Habitação e arrendamento: cem dias para cumprir a promessa de Sócrates de rever a lei das rendas. Desafio: ouvir bem os inquilinos de Lisboa e do Porto…
Etc. Etc.. São só alguns exemplos. E só no que toca a Lisboa.


Ambiente e Ordenamento do Território

Ao novo ministro do Ambiente e Ordenamento do Território, a Cidade de Lisboa reclama que se dedique desde logo a várias questões emergentes. Eis alguns deles, também só a título de exemplo:
1. Foi suspensa a avaliação dos impactes ambientais do Túnel do Marquês. Mas devem ser retomadas essas diligências, a bem da segurança e da qualidade ambiental da Cidade.
2. O Ministério Público já se pronunciou sobre o mal-fadado processo de alterações em regime simplificado para aprovação de loteamentos na Cidade. E pronunciou-se em sentido contrário ao parecer da DGOT. É altura para rever o assunto no ministério.
3. E a Zona Ribeirinha? Já se viu pior balda? Ponham lá os olhos nesta zona da Cidade...
Sugere-se também que o novo ministro dê atenção ao Parque Florestal de Monsanto. A Comissão de defesa daquele Parque tem alertado para os perigos. Mas ninguém ouve. Leia mais abaixo o texto que sobre o assunto publiquei há uns dias...