segunda-feira, março 28, 2005

Jornal das 11 do dia 28 de Março

Outro Pedro na calha

Outro Pedro apareceu nesta Páscoa a dar opinião sobre se Pedro santana Lopes devia ou não ter regressado à CML. Trata-se de Pedro Passos Coelho. Dizem-me que tem futuro no PSD. Tudo bem. Mas nestas situações lamento sempre duas circunstâncias: primeirao, que a opinião apareça fora de tempo; segunda, que a opinião apareça sempre quando o objecto da opinião já esteja no chão. Dito de outra forma: isto teria valido, quando Santana ainda não se tinha demitido do cargpo de Presidente do PSD e antes de ter anunciado o seu regresso à CML. Aí, sim, era preciso ter coragem e era útil que tivessem aparecido vozes.
Agora, já não, obrigado.

Bons velhos tempos

Leio e não resisto a recordar os bons velhos tempos de há três, dois, um ano. Leio agora: «Fundo imobiliário vai investir 260 milhões de euros para trazer jovens de volta a Lisboa». Quem vai investir? Não sei. Sei que me dizem que este Fundo é composto por três parceiros: a Ambelis (empresa da CML e de outras entidades ligadas essencialmente à banca e aos seguros), a JM Peterson-Investmentes Advisers e a Foundbox SGFII, que vai gerir o Fundo. Qual é o objectivo? Repovoamento de Lisboa com 15 mil jovens nos próximos oito anos. Qual o modelo de actuação? Comprar 500 imóveis em degradação, reabilitá-los e alugá-los ou vendê-los de seguida. Então qual o problema? Só um: a repetição, o «déjà vu»: nós já ouvimos esta canção do bandido tantas vezes que, se se tivessem concretizado, já não havia jovens no resto do país: estavam todos em Lisboa, alojados que nem príncipes em zonas dignas de Suas Altezas Reais… Por que será que já não acreditamos? Parece tudo tão sério…

Renovação

Com todo o respeito pelo pensamento e modo de agir, mas exigindo e reivindicando para mim exactamente o mesmo direito, deixo aqui clara a minha estranheza porque sempre que se aproximam eleições lá vem um comunicado, uma nota, uma entrevista de alguém ou de um anónimo da chamada «Renovação Comunista» para dizer como é e como deve ser e como devia ser. Tudo ok. Nada a opor. Mas permitam-me que diga o seguinte, eu também: por exemplo em Lisboa, onde tanta malfeitoria tem sido levada a cabo e continua a grassar por essa Cidade fora, tanta decisão errada, só das que conhecemos, fora as que mais tarde viremos a descobrir, por que será que nunca, nestes mais de três anos de oposição dura, nunca apareceu uma alma da Renovação a dar uma ajuda nesta luta de oposição ao «regime» santanista/carmonista. Nunca. Nunca. Nada que se veja… Pois agora que se aproximam eleições autárquicas, aí vêm eles para me ensinar o «Padre Nosso» – passe a expressão.
Já começaram no Porto, a dialogar com o Bloco, e logo aí com… Não tarda, estão aqui em Lisboa.
Um desafio: que digam também por que razão aparecem só de quatro em quatro anos e só nas vésperas das eleições.


Solidário

Tem tudo a ver com Lisboa, o que vou escrever. Tem tudo a ver connosco. Tem tudo a ver com o país.
Estou solidário com os Conselhos de Redacção do «DN», «JN», «24H» e TSF.
Quer na preocupação expressa de manter as redacções livres, independentes e plurais quer na preocupação sub-entendida de que a compra pela Spot TV (escrevo assim, para encurtar razões: de facto, quem comprou a Lusomundo foi o dono desta estação) traga inquinamentos desses valores.
E estou solidário contra o domínio e sobreposição das metas e dos fretes políticos que se antevêem pela demonstração de Luís Delgado nos últimos meses.
Não tem nada a ver? Daqui a uns meses você mesmo me dirá…
Tem tudo a ver, sim. Pense bem.


Quem me avisa…

O ditado diz assim: «Quem te avisa, teu amigo é». Pois bem. Há dias, recebo um curto telefonema. De um amigo. Alertava para determinado empreendimento e para os contornos pouco legais, nada éticos. Uma empresa municipal envolvida até aos cabelos. Mas como saber do que se trata? Estarei/estaremos atentos. It’s a promiss, it is!

Má gestão: exemplos não faltam…

Aqui há uns tempos, em Julho do ano passado, escrevia sobre a má gestão que grassa nesta mandato na CML e, a dado passo, tive de concretizar:
«Exemplos não faltam, e nem se fala da dívida dos 100 milhões de euros que se calhar até é maior do que isso (hoje sabemos que pode ir aos 500 milhões e que a dívida reconhecida, só a fornecedores, ou seja, a dívida de curto prazo vai aos 220 milhões, mais euro, menos euro!).
Falo de coisas tão faladas como o imbróglio do Parque Mayer, a novela do casino ou o romance do célebre Túnel do Marquês, ou ainda a obrigação de indemnizar Frank Ghery em milhões, aturada para as contas da EPUL que tem as costas largas…. Mas essas questões já são famosas. Agora há de facto outras coisas menos faladas mas não menos graves. Vejam-se alguns exemplos.
Serviços municipais destruídos, chefias desautorizadas por arrogâncias e ignorâncias de assessores aos molhos e sem formação nem científica nem humana, tudo com o «agrément» dos vereadores desses pelouros.
Ou o facto de se sobreporem sem rei nem roque ordens e contra-ordens de chefias e instâncias de poder que se contradizem umas às outras.
Ou a situação de inoperância a que foram conduzidos muitos sectores, sem solução à vista, por vezes com a concomitante substituição desses serviços feita por empresas exteriores à Autarquia – o que naturalmente se traduz nem desperdício financeiro sem precedentes.
Ou ainda, e só para terminar por aqui a lista do que se conta por aqueles corredores, o facto de se fazerem aquisições pelo dobro ou o triplo dos valores de mercado, situação que em parte resulta de listas limitadas de consultados, de factores económicos e financeiros do tipo «pagamos daqui a dois anos, portanto façam as vossas contas», ou mesmo: «já que não me pagam, tenho de carregar nos preços».
Por fim, é de assinalar que nalgumas consultas aparecem preços tão díspares que tudo se torna estranho, chegando a ser de um para dois o desvio, o arco de custos apontados pelos consultados.
Algo se passa. E não é pouco grave. Saberemos algum dia o que é isto, por que é que acontece e quão grave é?»