quarta-feira, março 30, 2005

Jornal das 17 / Dia 29 de Março

Outro inefável

Depois de ter dito que Santana Lopes é que é, e de agora ter acrescentado que «sem um Santana, o PSD não ganha Lisboa», o inefável Luís Filipe Menezes já tem mais um seguidor. Outro inefável.
É ele o inevitável Rui Gomes da Silva (RGS). E ainda há-de aparecer o ora deputado por Braga, e presidente da câmara de Ourique, o impagável dos Santos.
Pois um dia destes RGS escrevia assim no «DN» coisas como: «as responsabilidades (da derrota do PSD) não são nunca de uma só pessoa»; «a anterior legislatura iniciou-se com uma esmagadora maioria do PSD» (recordo que Durão teve mais 2% do que o PS); «o PSD ficou (nas últimas legislativas, agora mesmo, em Fevereiro) acima das expectativas de alguns analistas»; ou ainda esta pérola: «(Santana Lopes) pertence a uma geração com futuro» (mas o que será que o homem quer dizer com isto?).
Até Manuel Frexes, conhecido santanista ou pelo menos tido publicamente como tal, agora a presidir aos destinos da câmara do Fundão (onde me dizem que está a praticar afundanços, com tantos e tão volumosos empréstimos – falaremos disto um dia), até Frexes diz calmamente que Santana devia regressar à CML , mas só para terminar este mandato, e não para se candidatar.
Marque Mendes, esse foi muito mais claro, como se sabe: «Se fosse eu, não regressaria à CML».

Devagar que tenho pressa

Tudo por causa da pressa para marcar pontos junto do Patriarcado e da Igreja Católica e dos católicos e dos eleitores religiosos.
Depois do ímpeto estranho de querer deliberar rapidamente que a Sé-Catedral de Lisboa vai para a Parque Expo/Matinha, Santana Lopes foi obrigado a retirar-se desta trincheira: o terreno não sabe a quem pertence.
A culpa desta vez não morre solteira: é do terreno, o incompetente.

Rei morto, Rei posto

Em documentos internos da CML, como a capa da revista de imprensa, o nome de Carmona, que substituíra o de Santana nos recortes escolhidos para o puzzle da imagem de capa, foi agora por sua vez substituído pelo de Santana. O que é natural.
Mas escapou aquele título-chave de outro puzzle: «Santana e Carmona partilham equipa». Recorda-se desta inovação?
Registe-se a diversidade.
A propósito: o que será feito de Rui Calafate e de Miguel Almeida? E as histórias que por aí grassam, que fundamento terão? Há quem pague para ver... Mas não vê!


Pela boca morre o peixe

«Ignoram-se ostensivamente os princípios do planeamento urbano. O despovoamento tem alastrado, sendo a população na idade activa a mais atingida. (Verificam-se:) o envelhecimento da população, a degradação do património edificado, (…) congestionamento dos transportes.»
O que acima está escrito, pode ser exemplificado com situações como as do Parque Mayer, Vale de Santo António, Alcântara ou Boavista, entre outras, no que se refere à falta de planeamento.
Pode exemplificar-se a desertificação de Lisboa com os doze habitantes que ainda resistem no Rossio, segundo referem vários jornais dos últimos dias.
No que se refere à degradação e desprezo do património construído, podia dar-se um de dois exemplos bem na berra nas últimas semanas: ou o Cinema Europa ou, também em Campo de Ourique, a casa onde morreu Almeida Garrett.
Seriam de facto exemplos tentadores. Mas há aqui um problema: é que o primeiro parágrafo não fui eu que escrevi agora: corresponde à síntese do Programa Eleitoral da candidatura de Santana Lopes e do PSD à CML em 2001…
Como dizia o outro: filho és, pai serás… Foi fácil fazer levantamentos de situações antes de ganhar as eleições. Mas corrigi-las, ou sequer minorá-las, isso já é outra conversa!
E acrescentava ainda aquele documento coisas como esta pérola, se pensarmos no que se está a passar há três anos e tal seguidinhos: «Queremos assegurar a disponibilidade e eficiência dos serviços de saúde, que proporcionem à população bem-estar, segurança, confiança e respeito pelas instituições». Ou como esta outra pérola, também: «A cidade revela um crescimento amorfo, sem estrutura urbana (…). O crescimento é feito com projectos avulso, sem integração de conjunto».
Olha quem fala!
Apetece apenas acrescentar que pela boca morre o peixe.
Por exemplo: «A parte antiga da Cidade não devia estar vedada às pessoas. Devia ser reabilitada». Estas palavras são de Ramiro Nelson, o presidente da junta de freguesia de Santa Justa, a tal a que pertencem zonas das mais desertificadas de Lisboa, como o Rossio, a Praça dos 12 habitantes (doze), e foram expressas quase textualmente por aquele autarca em conversa com Joana Haderer e Joana Pereira Bastos, da Lusa.