segunda-feira, março 07, 2005

Cada vez gosto mais da Luna (III)

Pus-me a fazer contas

Bolas! Se não me engano nas contas, o Parque Mayer vai ficar mesmo caro. Somando. Primeiro, as perdas da CML na troca do terreno de Entrecampos, antiga Feira Popular, pelo Parque (um prejuízo incalculável, mas que atinge no mínimo valores da ordem das dezenas de milhões de euros). Segundo: o projecto de Gehry (umas dezenas de milhões). Terceiro: a reabilitação do parque (muitos milhões). Quarto: construção dos três teatros e o mais que Gehry propõe (quantos milhões?).
Isto, ao mesmo tempo que se deixa demolir o Cinema Europa (privado), a Campolide, o Cinema São Jorge (da Autarquia) está fechado para obras mas sem obras nem programa de reabilitação nem verbas, e o São Luís está como se sabe…
Mas, a pretexto do Parque Mayer, há quem já tenha «empochado» uns largos milhões, e ainda a procissão vai no adro: a seguir ainda vai ser construída a carninha do lombo de Lisboa que é o terreno da antiga Feira Popular/Entrecampos. E upa! Upa! É ver os lucros a subir, a subir. E à custa do prejuízo da Autarquia…
Mas há pior: os autores do projecto do Pavilhão do Futuro, na Parque Expo, onde o casino devia quase pronto a inaugurar, entraram no Tribunal com uma providência cautelar que parou tudo. Quanto mais tempo o diferendo demorar a resolver, mais tarde começa a entrar dinheiro do casino nos cofres da CML para satisfazer as novas obrigações agora assumidas: projecto de Gehry, a construção dos teatros e a reabilitação do espaço.
E já agora: quem suporta depois a factura da actividade artística e correlativos que terá de se desenvolver nos novos equipamentos? Isto, se alguma chegarem a ser construídos. O que houve pressa foi para garantir o negócio chorudo dos privados.


Sem-Abrigo e sem garantias

Nem quero acreditar. Leio no ‘CM’ e recuso a ideia. Oiço na ‘RR’ e não acredito. Então a CML abre centros de recolha para os sem-abrigo de dia e fecha-os às 21 horas? Deve ser mentira.
Mas há uma história que me foi contada e é confirmada. Na Rua do Arco do Carvalhão há um centro de abrigo que vive dificuldades insonhadas. Os utentes passam frio porque as obras que já deviam estar a terminar nem sequer começaram porque estava frio e se decidiu adiá-las. Mas enquanto não forem feitas, as entidades de tutela não celebram o protocolo de suporte e as verbas não entram. Conclusão: quem se lixa é o mexilhão: o sem-abrigo. As refeições já são tão exíguas que só por ironia se podem chamara refeições. E não há garantias de continuidade, se não houver financiamentos. Serão então mais uns quantos sem-abrigo (já foram 70, agora apenas seis, por falta de verbas). Sem-abrigo que a CML para ali tem mandado, a viver nas esquinas. E mais uns quantos profissionais a sentirem a frustração da má organização dos serviços da CML e da Segurança Social.
E não há quem deite a mão à situação?


Desaparecidas em combate?

O que será feito da Orquestra Metropolitana de Lisboa? Ainda existe? Ainda dá formação nas áreas da música? Ainda dá concertos? Ainda deve dinheiro a maestros – ao menos isso, ainda é igual? Vou procurar a OML algures em Lisboa, tentar saber o que se passa e trazer aqui o resultado.
O que será feito da Casa Fernando Pessoa (CFP)? Ainda existe? Clara Ferreira Alves ainda lá vai sentar-se na mobília renovada e moderna? O equipamento informático sofisticado ainda está a ser usado? Vou procurar a CFP por aí, em Lisboa, e tentar saber o que se passa…