Imbróglio desfeito
Ontem, durante todo o dia, reinou na Praça do Município uma verdadeira «parafernália» de câmaras e fotógrafos. Voltou-se aos bons velhos tempos. Afinal, Santana Lopes era já presidente da CML, tudo estava em ordem.
Ainda não se sabe o resto: Carmona? Pedro Pinto? Moreira Marques? É Proa que sai?
Mas sabe-se o essencial: a Casa de Monsanto fica onde está.
Isto já enjoa.
Assinaturas pelo Cinema Europa
Para evitar a demolição, a Comissão SOS Cinema Europa está a recolher assinaturas em abaixo-assinado, com o apoio da junta de freguesia de Campo de Ourique. E este grupo de entusiastas cívicos está de parabéns. Na tarde de sábado esgotaram-se os impressos. Novas folhas estão já prontas e vão estar disponíveis no bairro em livrarias, cafés e similares. Estes moradores dão uma lição de mobilização já rara.
Entretanto, a junta de freguesia esclarece um equívoco posto a circular: é que no final do mandato passado estava preparado um protocolo com a CML para dinamização deste espaço, mas esse protocolo não foi implementado pela nova maioria, esta que hoje ocupa a Praça do Município.
Mais: a família Pimentel, proprietária à altura, só vendeu o imóvel recentemente. «Nós só o soubemos já neste mês de Fevereiro último». Fevereiro de 2005. Mês forte nestas andanças dos loteamentos, acordos, protocolos etc. etc. – como neste ‘blog’ já várias vezes referimos e como ainda hoje noutro local se refere. Mas voltando à venda e aos equívocos: portanto, o direito de preferência da CML devia ter sido exercido, sim, mas por esta câmara, agora, aquando da venda, não pela anterior.
Perguntados sobre quem é o novo proprietário, que deseja demolir o cinema e construir ali apartamentos de luxo, segundo consta, tanto os dinamizadores do abaixo-assinado como a junta dizem ignorar a identificação. Mas sabem que os lojistas já estão a pagar as rendas aos novos proprietários, depositando-as em conta da Caixa Geral de Depósitos.
Nota
Provavelmente, ainda hoje se voltará ao Cinema Europa neste ‘blog’, para clarificar a posição da junta de freguesia de Campo de Ourique perante a CML.
Registo
Bom registo, aquele do «Correio da Manhã»: fontes e lagos da Avenida da Liberdade secos. De facto, a água não passa por ali há muito.
Mas não é só nos equipamentos desta artéria que o problema se nota. Noutros pontos, o problema repete-se. Aliás, não é só com as fontes e lagos. A CML, infelizmente, tem deixado degradar quase tudo o que é espaço público na Cidade. São os candeeiros, as calçadas, os passeios, as covas das árvores, o asfalto doa pavimentos, buracos durante meses sem reparação um pouco por toda a Cidade.
É mau.
Cheira mal
Agora está pior do que nunca: quem passa na Avenida de Ceuta não pode deixar de notar o mau cheiro, nauseabundo, que aquela ETAR de Alcântara destila…
Alguém pode fazer alguma coisa pelos moradores e pelos passantes?
É sabido que nem a SIMTEJO nem a CML se têm entendido em matérias deste ramo. Mas também ninguém parece preocupar-se ou sequer prestar contas do que se passa.
Nem sequer em matéria de informação à opinião pública. Parece que a ETAR é enjeitada: não tem quem cuide dela…
Sede da PIDE vira condomínio de luxo
A Rua António Maria Cardoso tem má fama. Tinha. Era ali a sede da PIDE. À porta, logo a seguir à Revolução, morreram várias pessoas às balas assassinas dos esbirros em fim de festa. Na altura, uma aluna minha foi ferida à bala. Por exemplo. Milhares foram ali torturados. É ou devia ser um símbolo. Mas não. A Casa de Bragança vendeu o imóvel a Vasco Pereira Coutinho. Vasco. Que vai ali fazer um condominiozito…A CML aprovou o projecto no passado mês de Fevereiro. Fevereiro. Um mês chorudo.
ModaLisboa
Este evento já vem de trás. Foram sempre fortes os apoios da CML. Mas hoje é um abuso. De 130 mil euros em 2002 e anteriores edições, passou-se agora para os 900 mil euros, ou seja: algo como 180 mil contos.
Viva a moda! Vivam os amigos!
Jogos de Lisboa
A actual maioria cortou com os Jogos de Lisboa logo que tomou posse. Era muito povo envolvido. Não era o estilo. Ponto final.
Agora que se aproximam as eleições, finalmente vão ser retomados, embora com outro figurino, os Jogos que entusiasmaram Lisboa durante anos.
Vão chamar-lhes Jogos Lx.
Isto não vai ter alma, mas vai fazer fogacho. Que é o que interessa. Outubro é já ali ao virar da esquina.
Equipamentos fatídicos
A maioria de direita na CML tem uma «malapata» com alguns equipamentos da Cidade. Uma série de instalações e imóveis famosos estão «na berra»:
1. O Cinema Europa, em Campo de Ourique, já referido no ‘blog’ por várias vezes. Cidadãos em sua defesa recolhem assinaturas às centenas.
2. O Convento dos Inglesinhos, ao Bairro Alto, onde a Amorim Imobiliária quer construir apartamentos de luxo. Processo em tribunal, cidadãos mobilizados, instituições empenhadas…
3. Pavilhão Carlos Lopes: fechado e sem destino assegurado.
4. Piscina Olímpica dos Olivais: CML quer demolir, cidadãos opõem-se.
5. Cinema São Jorge: fechado pela CML, e sem futuro definido.
6. Antiga sede da PIDE: CML acaba de autorizar demolição para construir apartamentos de luxo (ver outras notas neste ‘blog’).
É má sina, a destes imóveis… Mas também a da maioria PSD-PP na CML: os lisboetas não lhe dão tréguas.
Colaboração
Um visitante habitual do ‘blog’ enviou a seguinte colaboração:
Lisboa degrada-se há três anos
A meu ver, a direita ganhou as eleições para a CML em 2001 pela conjugação de três factores: o deficiente trabalho político da coligação e a sub-estimação dos nossos parceiros relativamente ao adversário, arrancando tarde para a campanha; a fraude eleitoral, como provou a Procuradoria da República que analisou a votação e concluiu que apenas em cinco freguesias a direita anulou mais de 800 votos válidos na coligação; o programa populista de Santana Lopes que tudo prometeu à população da cidade: um polícia em cada esquina, uma piscina em cada bairro, habitação para os jovens, melhorar o trânsito e o estacionamento, revitalizar a Baixa, etc..
Passados que estão mais de três anos de mandato, a vida na cidade degradou-se e quem sofre é o povo que aqui vive ou trabalha. A maioria governa a meio tempo pois todos os vereadores acumulam com administração de empresas.
A direita esqueceu-se das promessas, travou obras em curso, esbanjou o dinheiro público, transformou a cidade num enorme painel de propaganda com os custos de centenas de milhões de euros. A central de informação do Governo há dias chumbada é a cópia da que existe na CML há três anos.
As poucas obras inauguradas, quase todas foram lançadas ainda pela coligação anterior.
O que marca a gestão da direita é a propaganda e as trapalhadas em que se envolveu, seja na Feira Popular, no Parque Mayer cuja reabilitação continua a marcar passo, ou o buracão em que se transformou o chamado Túnel do Marquês, uma obra desnecessária e prejudicial para a cidade e predadora dos fundos públicos.
Mas se estas são as questões mais faladas, a matriz essencial da política da direita em Lisboa é a especulação imobiliária. Lisboa regressou, nas questões do urbanismo, aos tempos negros de Krus Abecasis.
Hoje, quem decide o que se constrói são os urbanizadores e não a Câmara e a Assembleia Municipal. Os loteamentos substituíram os planos de urbanização e de pormenor.
E tudo isto acontece, infelizmente, com o beneplácito do PS. Porque o PS colocou acima dos interesses da cidade os interesses do capital financeiro, votando com a direita, põe exemplo, o célebre acordo do Parque Mayer ou, antes disso, as alterações ao PDM em regime simplificado. É utilizando estas alterações que a especulação imobiliária se desenvolve em toda a zona ribeirinha, desde Alcântara até à zona da Expo.